Os quatro pilares que contam a história da educação de Divinópolis

Da criação da E. E. Padre Matias Lobato à UFSJ, cidade se tornou polo acadêmico e recebe alunos de todo o país

 

 

Bruno Bueno

21 de abril de 1918. No coração da avenida 1º de Junho, era inaugurada a Escola Estadual Padre Matias Lobato, primeira instituição de ensino de Divinópolis. O município tinha, após seis anos de fundação, seu primeiro contato com a educação e o ensino de qualidade. Segundo historiadores, uma escola primária teria sido criada na cidade no século XIX, quando o Município ainda se chamava Arraial do Espírito Santo e era considerado um distrito da cidade de Itapecerica, porém, não existem muitos registros de sua instalação.

De lá pra cá, muita coisa mudou. A educação de Divinópolis se expandiu e, nos últimos 50 anos, desenvolveu-se a ponto de ser peça fundamental para as atividades econômicas do município, no chamado setor de serviço. O Agora, desde a sua fundação em 1971, acompanha toda essa história.

 

Rede municipal

A história da educação de Divinópolis pode ser dividida em quatro pilares fundamentais: rede municipal, estadual, particular e ensino superior. A primeira, segundo dados da Secretaria Municipal de Educação (Semed), conta atualmente com 12.450 alunos, divididos em 52 escolas.

Nos últimos 50 anos, conforme noticiado pelas páginas do Agora, 48 das 52 escolas municipais foram inauguradas. Segundo dados da Semed, três instituições abriram nos anos 70, cinco nos anos 80, 18 nos anos 90, 20 nos anos 2000 e duas, recentemente, nos últimos 10 anos. Quatro instituições foram inauguradas nos anos 60. A primeira escola municipal inaugurada na cidade, conforme a Semed, foi a E. M. São Geraldo, no dia 16 de fevereiro de 1969.

No ano da fundação do jornal, o prefeito da época, Sebastião Gomes, que assumia o cargo pela terceira vez, criou o departamento de ensino municipal, um marco para a cidade. Dois anos depois, no governo de Antônio Martins, foi realizada a reforma administrativa, fazendo com que a educação ganhasse o status de secretaria. A Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) era fundada no dia 30 de dezembro de 1974 e começaria suas atividades dois dias depois.

 

Rede estadual

A rede estadual conta, atualmente, segundo números da Superintendência Regional de Ensino (SRE), com 19.862 alunos divididos em 32 escolas. Somando a quantidade da rede estadual, Divinópolis tem 32.312 estudantes matriculados em 84 instituições públicas. 

Desde a fundação do Agora, cerca de 11 escolas estaduais foram inauguradas no município. A escola Antônio da Costa Pereira, em 1983, foi a primeira. Em 1985, as escolas Helena Antipoff e Professor Chico Dias também foram instaladas. Um ano depois, foi a vez das escolas Vicente Mateus e Manoel Corrêa. Em 1987, cinco escolas Armando Nogueira Soares, Belo Vale, Ilídio da Costa e Rosa Vaz de Araújo e Cesec foram abertas. A última instituição estadual inaugurada foi a escola Alberto Santos Dumont, localizada no Presídio Floramar, no dia 3 de fevereiro de 2006.

A cidade emprega diversos profissionais, efetivos e concursados, na rede estadual. Além disso, é a sede da 12ª Superintendência Regional de Ensino, localizada na rua Goiás, Centro.

 

Rede particular

A rede particular de Divinópolis conta, segundo dados do Censo Escolar de 2020, com 7.531 alunos divididos em 47 instituições. São 1.084 estudantes nas creches, 1.131 na pré-escola, 2.511 nos anos iniciais, 2.356 no ensino fundamental e 449 no médio.

Representando as instituições, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG) e o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro/MG) são bem atuantes na região.

 

Ensino superior

É impossível falar da história da educação em Divinópolis sem ressaltar a importância das universidades. A cidade tem, atualmente, seis faculdades com aulas presenciais.

A Faculdade de Educação (Faced) chegou a Divinópolis nos anos 60. Especificamente em 1964, se instalou na rua Goiás, transferindo-se, um ano depois, para a Praça do Mercado, onde permaneceu até 2018, quando houve a fusão com a UNA. A Faculdade de Direito do Oeste de Minas (Fadom) iniciou suas atividades em 1965. A instituição era referência no ensino de advocacia no estado. Em 2007, o centro universitário se unificou com o Pitágoras.

 

A Fundação Educacional de Divinópolis (Funedi) foi criada no ano de 1964 por um grupo de professores. Em 1990, a instituição se uniu à Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), criando novos cursos e expandindo o número de alunos. No fim de 2014, a Funedi se fundiu 100% com a Uemg, tornando o ensino da universidade totalmente público e gratuito. Foi um marco na história da cidade. 

O Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), por sua vez, se instalou em Divinópolis no ano de 1994. Eletromecânica e vestuário foram os primeiros cursos da unidade, já que, à época, o município era referência na região e considerado o polo da moda.

A Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas) chegou à cidade em 2000 e abriu suas próprias instalações em 2003. A instituição também é referência no ensino da região, principalmente na área da saúde. 

Já a Universidade Federal São João del-Rei (UFSJ) instalou seu campus na cidade em 2008. A instituição possui cerca de 1.500 alunos e 160 professores efetivos. A chegada da UFSJ representa um marco histórico para Divinópolis com a vinda do curso de medicina e outros na área de saúde.

 

Cidade universitária

A criação das universidades gerou um impacto enorme para a cidade. Segundo a professora universitária e historiadora Flávia Lemos, a região próxima ao parque de exposições, onde se localizam bairros como Belvedere, Chanadour e Bela Vista, foi totalmente transformada ao longo dos anos com a chegada dos alunos.

— Foi um impacto muito grande. Com o desenvolvimento do Cefet e da Funedi (Uemg), combinada com a chegada da UFSJ, é possível observar uma mudança gradativa no local. A cidade não só recebe muitas pessoas da região metropolitana de Minas Gerais, mas também de todos os outros estados do país — disse.

Ela também relata a importância da cidade universitária para Divinópolis.

— A criação de uma cidade universitária acolhedora para os estudantes de fora impulsiona o crescimento e desenvolvimento da região. O ensino superior, com capacitação de cursos, faz com que a cidade seja um centro de produção acadêmica e intelectual gigantesca. Isso também mudou completamente a questão econômica do município, já que muitas pessoas vêm para trabalhar e estudar — afirmou.

 

O começo

Quem observa a grandeza e eficácia dos quatro pilares da educação divinopolitana não imagina o começo da história. Sandra Rezende de Assis, 69, professora e servidora da rede municipal há mais de 45 anos, recorda que, nos anos 70, a maioria das instituições de ensino da cidade não ficavam na zona urbana.

— Antigamente, a maioria das escolas ficavam na zona rural. Havia instituições no Buritis, Paivas, Córrego Falso e várias outras comunidades. Hoje, a situação se inverteu. Mesmo com a maioria nos bairros periféricos, as escolas são predominantes na zona urbana. As instituições estaduais se localizam, em grande parte, na região central — explicou.

Ela também revela que participou do primeiro concurso público da cidade. A profissional destaca a mudança no número de servidores do município durante o período.

— Eu entrei como servidora em 1976, no primeiro concurso público realizado na cidade. À época, o prefeito Antônio Martins criou o edital pois havia muitos professores leigos que exerciam a profissão. Com o concurso, tudo mudou. Entraram, na oportunidade, cerca de 200 ou 300 profissionais. Hoje nós trabalhamos com três mil — destacou.

As notáveis mudanças explicam como a educação de Divinópolis cresceu nos últimos 50 anos, por meio dos seus quatro pilares fundamentais, e hoje se tornou peça chave para o desenvolvimento da cidade. Período em que vários temas ligados à área foram estampados nas páginas do Agora.

 

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