Os grandes continuam ausentes

Augusto Fidelis

Hora do almoço. Concentração de pessoas aqui e acolá, almoçando no restaurante ou em outros pontos, distraídas ou em animadas conversas sobre os mais diversos assuntos ou caminhando em alguma direção. Parecia um dia qualquer, nada suspeito à vista. No entanto, ninguém sabe o dia. 

De repente, o fim do mundo se deu para muitos, com suas vidas ceifadas pela enchente inusitada de lama. Tudo é arrastado como algo sem valor ao longo dos vales: pessoas, casas, animais e árvores. Em tempo recorde a paisagem se torna desolada. Alguns se atiram para ajudar o próximo, outros estão aturdidos, querem entender o que se passa, mas não encontram explicação, porque tudo está acabado.

Primeiro foi em Mariana no dia 5 de novembro de 2015; depois em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019, mas não será a última tragédia, pois há em Minas mais de 300 barragens na mesma situação, e o rompimento será apenas uma questão de tempo, porque não se sabe nada do que tenha sido feito para evitar nova catástrofe, ainda que a Vale tenha visto engolidos pela lama não somente os moradores da região, mas seus próprios funcionários, suas máquinas, os seus pertences.

Aos que louvavam a graça de terem sido salvos e àqueles que choravam seus entes queridos, arvoraram-se os governos em busca dos culpados sem a intenção de encontrá-los; levantara-se a mídia, a qual é composta de órgãos privados que se apresentam como paladinos da moralidade pública, a cobrar explicações que eles mesmos tinham, apesar de tê-las escondido durante anos, devido aos seus interesses.

Tão logo a tragédia se deu em Brumadinho, como é de costume, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, os voluntários e até soldados do exército de Israel se apresentaram para socorrer os feridos, recolher os mortos e consolar os desesperados. Clubes de serviço logo deram início às campanhas de água, roupas, remédios e de tudo aquilo que pode ser útil em momentos assim.

Talvez, essa tragédia tenha sido uma das maiores violações dos direitos humanos. No entanto, em meio a toda aquela movimentação, não se viu a manifestação de certos setores, tão combativos, acostumados a levantar bandeira por causas menos nobres: ONU, OAB, o pessoal dos direitos humanos, as feministas, os movimentos sociais. Onde estão os deputados, os senadores, assim tão calados num momento tão importante para a nação? O país está na “banguela”, rumo ao precipício!

Sinceramente, há um silêncio incômodo de certas entidades, de certas pessoas. Mas é preciso ter fé, não se pode matar a esperança, pois, ainda que tardia, o Brasil há de ser um país muito melhor, apesar dessa gente.

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