Os bispos alertam

Raimundo Bechelaine

Os bispos alertam

A situação política brasileira tornou-se complicada e preocupante, a partir da eleição presidencial de 2014. Aécio Neves, candidato dos interesses econômicos dominantes, não aceitou a derrota. Ajudado por aqueles interesses, por seus apoiadores e pelos grandes meios de comunicação, passou a tumultuar e sabotar o governo eleito. Mostrou ser a figura irresponsável e inconseqüente que é. Seguiu-se o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. 

Sucederam-se circunstâncias infelizes e ações interesseiras, que levaram ao desastre que foi a eleição do personagem incapaz, ridículo, execrável que ocupa a presidência da República. Em torno desse típico Napoleão de hospício, chafurda o que há de mais deplorável na sociedade, na política e nas instituições. As centenas de milhares de mortes evitáveis, pela pandemia da covid-19, são apenas um tristíssimo e revoltante traço a mais num quadro já tenebroso. Em meio a tudo isso, o presidente promove desfiles de motoqueiros, país afora. Nero cantava enquanto Roma era incendiada. 

A situação a que chegamos e as  perspectivas que se abrem são sombrias e perigosas. Diversas personalidades e instituições têm alertado a sociedade, as autoridades, os formadores de opinião e todos os segmentos investidos de poder, influência e responsabilidade. Neste contexto, merece especial atenção a  "Nota da CNBB diante do atual momento brasileiro, Brasília-DF, 09 de julho de 2021". Segue o texto integral. 

"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) levanta a sua voz, neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade. A sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. A gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos.

A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da covid-19. "Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque" (CNBB, Mensagem da 56ª Assembleia Geral ao Povo Brasileira, 19/04/2018).

Apoiamos e conclamamos as instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos. Dom Walmor de Oliveira Azevedo, arcebispo de BH, presidente; dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, vice-presidente; dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima, 2º vice-presidente; Dom Joel Portella, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, secretário geral."

A nota é curta, concisa. Diz o necessário e deixa o restante para a nossa reflexão. Deve ser lida devagar e várias vezes. De tão preocupados, os bispos esqueceram o final de praxe, a invocação das bênçãos de Deus e a intercessão de Nossa Senhora Aparecida sobre a pátria. Porém sabemos que essa prece está sempre no coração dos pastores. [email protected]

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