O status de um Jornal

Augusto Fidelis

O status de um Jornal

Veja só: o Jornal Agora está em festa pelos seus 50 anos de circulação ininterrupta, algo extraordinário em se tratando de um diário do interior. Ainda que as circunstâncias atuais não lhe permitam chegar à casa do divinopolitano todos os dias, como antes, a sua lida se mantém diária na busca dos fatos que são notícias, para bem informar aos seus leitores.

É tempo de festa. Embora o erguer das taças seja apenas simbólico, já que a pandemia ainda não permite a confraternização como a efeméride requer, esta edição especial objetiva recordar aos assinantes e tantos quantos possam dela se apossar 50 anos de uma bela história de jornalismo sério, dinâmico e visionário. Porém, neste contexto em que as mídias sociais tentam engolir os órgãos tradicionais, uma pergunta se torna necessária: para que serve um jornal? A resposta parece óbvia: um jornal existe para servir, particularmente à cidade onde está inserido.

Um jornal é feito por gente e destina-se a toda gente que a ele tenha acesso. Sendo feito por gente, pode cometer equívocos, ser impreciso num ponto ou noutro, mas, em geral, um jornal informa, esclarece, leva o leitor a pensar, a refletir e a ter atitudes mais corajosas na defesa dos seus direitos e consequente cumprimento dos deveres. Embora o jornal em si seja efêmero, seus arquivos guardam a história, acontecimento por acontecimento, legando às gerações futuras o conhecimento acumulado.

Segundo T. T. Catalão, no seu afamado editorial no Correio Braziliense do dia 19 de setembro de 1999, um jornal serve para ir além da notícia quando busca suas relações, seus contextos, bastidores, as circunstâncias que geraram o fato e até avaliar suas consequências. Um jornal serve até quando se expõe a equívocos, mas extrai lições e busca avançar, não permitindo que a prudência se confunda com o medo.

Um jornal serve também para realizar grandes eventos, ressaltar o que há de melhor na comunidade, dar-lhe ânimo, promover entretenimento. No passado, creio que não muito distante, embora o tempo teime em distanciar com celeridade as coisas importantes da vida, o Jornal Agora foi promotor da maior gincana e do evento social de maior relevância no município, ainda não superado. Nas gincanas do Agora, com frenesi nunca visto, as equipes disputavam o cumprimento das tarefas, digladiavam-se com ferocidade e não se intimidavam em lançar quem lhe pudesse conferir um ponto.

Por outro lado, a sociedade divinopolitana acendia o sinal de alerta quando circulava a notícia sobre a realização do Troféu Status. A honra não se limitava em apenas receber a prenda, pois só de estar presente no evento se tornava alvo dos holofotes. Nunca fui contemplado com o Troféu Status, mas certa vez o recebi nas seguintes circunstâncias: naquele ano, o radialista Jorge Neto era um dos homenageados. Quando Jorge foi chamado, ele não se encontrava na mesa, havia ido ao toalete. Então me levantei, caminhei garbosamente até o local da premiação e recebi em nome dele, com foto e tudo. Quando Jorge retornou, o seu troféu estava lá à sua disposição. Pela cara do Jorge, acho que ele não gostou da minha atitude. Mas juro que foi por pura inocência. Como diria Roberto Carlos: velhos tempos, belos dias!

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