O que será de nós?

Laiz Soares - O que será de nós? 

O que você aprendeu com a pandemia? Eu me deparei com essa pergunta esses dias e confesso que tive dificuldade em respondê-la. Sendo bem sincera, o que eu aprendi mesmo, de fato, é que minha ficha caiu de que a morte é logo ali, que a nossa existência é mais frágil do que a gente pensa, que a vida vale mais do que a gente imagina, e que a qualquer momento podemos perder tudo aquilo que tínhamos como garantido.

A pandemia ‒ e principalmente o fato de minha mãe ter contraído covid e corrido risco real de vida ‒ foi algo que me virou do avesso. Estou, até agora, digerindo e tentando entender o que aconteceu e o que está acontecendo. Se o impacto foi tão grande em nós, humanos, ele deveria ser também fortemente sentido em nossas instituições, como na política, que deveria ter reagido e respondido aos anseios e sofrimentos de todos. Para mim, a forma como muitos dos políticos deste país lidaram e lidam com essa crise de saúde humanitária e econômica me mostra o quanto a nossa política está distante da realidade, o quanto ela está alheia à dor das pessoas, o quanto parece que os políticos vivem em outro planeta. Demonstrações das mais diversas de descaso, insensibilidade, falta de empatia e desleixo com os doentes e desempregados não faltaram.

Agora, finalmente, começamos a pensar em respirar aliviados. Com o avanço da vacinação, nossa cidade vê seus índices de ocupação baixarem e conseguimos enxergar uma luz no fim do túnel. Pena que demorou tanto para que a vacina chegasse, já podíamos estar bem melhores e a luz já podia ser realidade, e não esperança de um futuro melhor que se aproxima. Como não adianta chorar o leite derramado (e o papel de responsabilizar os culpados é da CPI e da Justiça), nos resta pensar daqui em diante. O que vai ser de nós quando tudo isso acabar?

Esses dias a minha ficha caiu ao ler uma reportagem de que milhares de pessoas recuperadas ficaram com sequelas das mais leves às mais graves para o resto de suas vidas. A pandemia não é uma tempestade que passou, fez uns estragos e já foi embora. Ela é um terremoto que virou tudo do avesso, gerou e ainda gera muita destruição, e que demandará reconstrução total de cidades, de vidas, de países. Como iremos recuperar a nossa economia, nossa saúde mental, nossos doentes com sequelas irreversíveis? Como iremos garantir a retomada dos empregos e da renda aos que mais sofreram os impactos desta crise? Como iremos recuperar o déficit de aprendizagem dos alunos que ficaram mais de um ano sem aula direito? Qual é o nosso plano de recuperação econômica, social e humanitária para corrermos atrás do prejuízo? Muitas perguntas para as quais não encontramos respostas em lugar nenhum.

A covid vai deixar uma marca e um rastro irreparável. Não só pelas vidas que se foram, mas por tudo que ela causou. Mais do que nunca, precisamos tanto de pessoas que pensem à frente do nosso tempo em posições de liderança para que tenham a sabedoria e a capacidade de encontrar respostas e saídas para essas perguntas, planejar, desenhar e elaborar soluções inovadores para o problema ultracomplexo que é reerguer nossa cidade, nosso estado e nosso país na nova era pós-pandêmica que está emergindo.

 

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