O que ficou de lição

O que ficou de lição 

Dizem que de tudo nesta vida tira-se proveito, de qualquer situação ruim tira-se uma lição, um aprendizado. Para se lamentar é que frequentemente essa lição, esse ensinamento, que muitas vezes ajuda na evolução do ser humano, vem carregado de muita dor e às vezes acompanhado de perdas irreparáveis. Como diz um velho ditado “se não vai pelo amor, vai pela dor”. Desde o dia 30 de dezembro, fortes chuvas castigam Minas Gerais. Desde a última quinta-feira, essas chuvas aumentaram, trazendo consigo mortes, feridos, desabrigados, desalojados, estragos e dor, muita dor. Essa mesma chuva que hoje traz medo para os mineiros é a que deixou milhares de baianos na mesma situação em dezembro. Como já era previsto, as chuvas que atingiram a Bahia no fim de 2021 chegaram no penúltimo dia do ano em Minas e vieram com "tudo”. Inundaram casas, mataram e feriram pessoas, deixaram um “bocado” de gente sem um teto e causaram – estão causando – um verdadeiro pânico. 

E é justamente nesse ponto que é impossível não perguntar: como tirar um ensinamento diante tanta dor, diante tanto medo e perante o caos? Muito além de possível, é necessário que se tire uma lição de todo este momento que assola o estado. De tudo é mais do que primordial que tanto a população quantos os governantes tirem algo que ajude a humanidade a evoluir. Este tipo de situação não é novidade para o brasileiro. As conhecidas chuvas de verão já são velhas conhecidas da população, principalmente nesta época do ano. E, mesmo sendo habituais, ano após anos, as tragédias se repetem, mostrando que algo está muito errado em tudo isso e que aparentemente os representantes do povo estão andando em círculos, incapazes de promover ações de prevenção, de infraestrutura, políticas públicas que minimizem os impactos que essas chuvas trazem todos os anos. Hoje, com a chuva caindo do lado de fora, com milhares de pessoas fora de suas casas, deixando suas histórias para trás, saindo apenas com documentos e a roupa do corpo, com o saldo de mortos e feridos, tudo não pode ser em vão, algo tem que ser tirado, para que no próximo ano a história não se repita. 

Não é mais possível aceitar o caos, conviver com ele, e o pior, esquecer-se dele. Segundo a meteorologia, o sol volta nesta sexta-feira, 15, e diante de tudo o que cada mineiro, cada divinopolitano, as famílias das vítimas de Capitólio, os desalojados e desabrigados do estado estão vivendo, é inadmissível que não haja um planejamento para que esta situação não se repita. É inadmissível que tudo volte ao normal como se vidas não tivessem sido ceifadas antes da hora, pelo simples fato de que no Brasil o que funciona é aquele velho ditado: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Sim, e essa talvez tenha sido uma das maiores lições que essas chuvas deixam para o povo e para os governantes: mais ação e menos falação. Mais prevenção, mais planejamento, é isso, apenas isso que o povo precisa e merece. Se autodenominar a mudança, o novo, e viver no mesmo lugar não é mudança, é notícia falsa, é propaganda enganosa.

 

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