O que falta?

Editorial

O que falta?

O divinopolitano não tem um minuto de sossego. E, quando o assunto é a Unidade de Pronto Atendimento  (UPA) Padre Roberto, todo dia é um novo 7x1. De março de 2014 – quando a UPA foi inaugurada e o antigo Pronto-Socorro Regional foi desativado – para cá, se tem uma coisa que o divinopolitano sem plano de saúde – e sem condições de pagar por um ou consulta particular – tem é medo de adoecer e necessitar de atendimento médico na unidade. Desde o início de seu funcionamento, a UPA já esteve envolvida em vários escândalos, escancarando o descaso que o poder público tem com o povo. No fim de 2019, a Santa Casa de Misericórdia de Formiga deixou a gestão da unidade, após diversas polêmicas, CPI e outros, passando a “bola” para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS). Logo após assumir a administração, em março do ano passado, o IBDS tornou-se também responsável por administrar o Hospital de Campanha, montado na Unidade, para receber pacientes com covid-19. 

Não se passou muito tempo e foi desencadeada uma operação da Polícia Federal (PF), no fim do ano passado, por suspeita de fraude no processo de contratação da empresa – o que seria o mínimo para que a atual gestão municipal e legislatura “ligassem as antenas”. Afinal, o que não falta na unidade são denúncias de irregularidades. A última polêmica envolvendo a UPA, ou, melhor dizendo, o Hospital de Campanha, foi na semana passada, quando a Comissão de Saúde da Câmara de Divinópolis denunciou a possível falta de medicamentos, especificamente aqueles destinados à sedação de pacientes. 

Os parlamentares que compõem a comissão constataram em relatório que a falta de medicamentos demandou a utilização de medicamentos substitutos e, além disso, denunciou ainda a utilização de oxigênio em concentração superior à indicada para o suporte ventilatório dos pacientes. As supostas irregularidades denunciadas pelo Legislativo e, posteriormente, constatadas pelo Executivo resultaram na suspensão da internação de pacientes com coronavírus na unidade. Sim, é quase impossível acreditar, mas um Hospital de Campanha montado exclusivamente para receber pessoas com covid foi interditado pela Vigilância em Saúde. Porém o que chama mais a atenção no caso é que toda a situação envolvendo o IBDS desde a sua contratação não é suficiente para que a Prefeitura faça uma fiscalização constante no local, ou fizesse quando sua administração foi passada pelo IBDS. É preciso que denúncias sejam feitas por pacientes e profissionais que atuam na unidade para que os problemas sejam verificados e só depois solucionados para que o povo possa ser atendido com dignidade. 

É triste, mas a realidade é que o divinopolitano não tem um minuto de tranquilidade quando o assunto é atendimento médico e na pandemia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O mais lamentável é que não há sequer perspectiva de quando isso vai mudar, de quando a UPA estará em boas mãos e de quando o Executivo vai começar a preocupar, de fato, com o seu povo. Pois, se não fosse a Comissão de Saúde ter recebido denúncia e ido conferir in loco a situação, só Deus sabe o tamanho do estrago que poderia ocorrer na vida de muita gente. A prova que o povo precisa de mais ação e menos vídeo está aí. Ou, então, que sejam vídeos mostrando mais resultados e menos falação, para que o divinopolitano tenha, enfim, um minuto de paz.

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