O poder da decisão

Na vida tomamos decisões baseadas em sentimentos, necessidades ou vontades.  

O medo do novo sempre assombra e muitas vezes nos impede de tentar. Em razão disso, muitos têm tido o que precisam, mas nada do que almejam. O medo pode levar a acertar muitas vezes, impedindo movimentos bruscos e de grandes riscos, mas ele como critério de decisão norteia e convida à frustração. Para isso, precisamos nos livrar da arte de agradar ao outro e nos apegar ao dom. Porque ao dom? O dom tem a capacidade de arrastar as pessoas, sem sucumbir o que melhor nos apraz. Já agradar o outro pode lhe conduzir a embaraçar os passos. Existem alguns pilares universais da influência, e entre eles estão a reciprocidade, a coerência e a influência social. Sim, somos influenciados e influenciáveis, principalmente através do comportamento. Nesta semana, me vi diante de uma decisão que aos olhos de muitos, negar seria perda de oportunidade, me vi encurralada porque se tratava de uma situação referente a alguém conhecido. Por óbvio é muito mais fácil falarmos não para quem não gostamos do que para quem temos algum tipo de afinidade. Mas, independente de quem seja, continuo acreditando que valores e princípios são inegociáveis, ainda que feridos de forma velada, ainda que o ganho aparente seja maior que o dano velado, ainda que isso lhe coloque num lugar de influência e de status. Existe uma frase que amo repetir, pois ela é real. ‘O pouco com Deus é muito’, e isso serve para todas as áreas da vida. Na maioria dos casos, dizer NÃO, não significa dizer que a sua decisão servirá para lhe avaliar, senão para lhe VALIDAR. Ainda que terceiros lhe avaliem, mas o seu valor lhe valida e lhe posiciona no mundo. Acredito que o que influencia o mundo a lhe dizer mais sim do que não é maior quando você é querido. Para ser querido você precisa ser importante e, para isso, você precisa ser dedicado, mas não necessariamente se sujeitar às imposições de terceiros. A influência social pesa, mas os valores preservados, lhe dará constância e crescimento. A escassez é outra referência de influência social, as pessoas tendem a valorizar aquilo e aquele que é escasso. Hoje pessoas com valores criteriosos, sábias, generosas e de personalidade forte são pessoas dispostas a pagar o preço de ser. Ser é valor e não preço. Relevante não é ser “capacho” do que o outro quer e lhe impõe, mas sim a forma que decide viver. Portanto, o que está em escassez possui valor e não preço, isso serve para trabalho, pessoas, relacionamentos.   

Nos tornamos responsáveis pelo nosso destino através das escolhas que fazemos, frente às opções que nos são dadas.  

Há um capítulo do livro ‘Destino’ do autor David Goggins que diz que o maior medo dele é se encontrar com Deus e ele lhe mostrar tudo que ele poderia ter sido e não foi. Isso me remete a duas questões de suma importância, a finitude da vida e as escolhas que fazemos. Portanto, onde estão fincadas as tuas? São norteadas por qual tipo de influência?  A sua finitude deve ser combustível para filtrar as suas decisões. Decisões de vida devem ser tomadas com vontade própria, trabalhadas para criar o futuro, mas nunca para tentar prevê-lo. Isso inclui término e recomeços. 

Às vezes, o término de um relacionamento torna o outro mais leve. Às vezes o romper de uma sociedade leva a um expoente crescimento. As coisas são mais fáceis na vida posterior a uma decisão. As circunstâncias acabam colaborando para que a sua vida flua. Portanto, estar preparado para decidir é tão importante quanto a quem se aliar, o momento, as circunstâncias, os personagens, pois esse combo altera a visão do mundo e, consequentemente, te conduz ao roteiro da sua história. 



Por Flavia Moreira. Advogada, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual Civil, pelo IDDE em parceria com Universidade Coimbra de Portugal, ‘IUS GENTIUM CONIMBRIGGE, especialista em Direito de Família e Sucessões, associada ao IBDFAM e membro do Direito de Família da OAB/MG.

 

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