O mais sensato

Editorial

 Há quase dois anos Divinópolis enfrentava o seu primeiro fechamento com o intuito de conter o avanço do vírus que matava milhares de pessoas ao redor do mundo e deixava sequelas naqueles que sobreviveram a ele. Tudo ainda era muito incerto. Usar máscara fácil ou não? Era uma gripezinha ou não? Apenas idosos desenvolvem a forma mais grave da doença? Quais tratamentos eram eficazes contra esse mal? Naquela época, o que mais se tinha eram perguntas. As respostas ainda estavam longe, mas muito longe de chegar. Foi assim, “no escuro”, que a humanidade caminhou durante muito tempo. Em meio a incertezas, a protestos, a notícias falsas, a abre e fecha de comércio, a cada dia uma nova medida, uma nova orientação, a mortes e inúmeros casos confirmados todos os dias. 

Ir a um show, respirar sem medo, aglomerar, ver pessoas andando nas ruas sem máscara facial literalmente era parte do passado. A realidade agora era outra. Sobreviver, essa era a ordem. Resistir a um vírus mortal, à economia em ruínas, à falta de planejamento e organização dos governantes, aos negacionistas; esse era o “pacote” perfeito para um caos. Quando tudo parecia dar sinais de melhora, aí o baque. Os meses de janeiro a junho de 2021, sem sombra de dúvidas, foram os mais aterrorizantes da pandemia da covid-19. Falta de leitos hospitalares, falta de medicamentos, de respiradores, de profissionais, esgotamento mental e elas, as notícias falsas. Mesmo em meio à vacinação, que começava de forma tímida no Brasil, o povo viu o pior na sua frente. E precisou lutar, se manter são, para sobreviver àquele pesadelo. 

Hoje, os divinopolitanos começam o seu 690º dia de enfrentamento à pandemia da covid-19. Pode não parecer, mas ainda existe um vírus altamente mortal no mundo. Ainda existem pessoas infectadas precisando de leitos hospitalares – em menor proporção se comparado com os anos anteriores – e ainda morrem pessoas por causa dessa doença. Um início de ano dentro das “normalidades”. Casos aumentando assustadoramente, e os governantes sem planejamento ou qualquer tipo de organização. Tudo feito daquele “jeitinho brasileiro”. Ou seja, tudo “dentro dos conformes”. O brasileiro segue lutando para sobreviver a tudo aquilo que impede que o país dê um passo rumo ao fim deste caos. É óbvio que se a população brasileira chegou ao mesmo ponto de um ano atrás, algo deu errado, incluindo a própria população. 

E, talvez, o Brasil chegue a um momento que apenas responsabilizar a população sobre o controle da pandemia da covid-19 não seja o suficiente. Talvez só exigir responsabilidade dos outros não seja o caminho. Que tal encarar que agora, mais do que nunca, o povo precisa de medidas duras, de atitudes responsáveis, para conter o avanço da doença, é o melhor a se fazer. Afinal, por aqui, tem muita coisa dando errado há muito tempo. Por aqui, devolver para os índios e pedir desculpas talvez seja o mais sensato a se fazer.

 

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