O joio e o trigo

O joio e o trigo

No dia a dia, o povo usa a expressão: vamos separar o joio do trigo. Ela vem do Novo Testamento, de umas das parábolas, quando Matheus, durante o juízo final, anunciava que os anjos iriam separar “os filhos malignos” (joio) dos “filhos do reino” (trigo). Hoje, milhares de anos após, em muitos momentos da vida é preciso separar o “joio do trigo”. Neste ano, em especial, a população precisará colocar em prática este velho ditado. Eliminar algumas coisas para purificar alguns entendimentos que estão misturados será primordial, visto que em 2022 o povo vai às urnas escolher os seus representantes nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados, no Senado, nos governos estaduais e na Presidência do Brasil. Diante do atual cenário que o país enfrenta, separar o joio do trigo é praticamente questão de vida ou morte. Está chegando o momento em que os brasileiros terão que deixar todas as idealizações de lado, para trabalhar o real, o fato, o concreto, o que se tem hoje nas mãos. 

Deixar de sonhar, de viver de utopias, para enxergar a realidade é a única escolha que o brasileiro tem agora, se quiser viver um dia o sonho de um Brasil evoluído. Fazer uma escolha consciente, livre de paixões, baseada em fatos, nunca foi tão importante quanto agora. Por mais que a população insista em dizer que “política, futebol e religião” não se discutem, é justamente o contrário. Discutem, sim, mas com respeito e baseado na realidade. De nada adiante candidato x ou y falar tudo o que o eleitor quer ouvir. A coisa vai muito além do falar, do discursar, dos vídeos gravados. A “coisa” vai para a ação. Para o que é possível fazer. Para o que é necessário fazer. Para o que é primordial fazer. Aquele velho discurso do “eu quero um país livre para os meus filhos e netos” já não cola mais. É impossível pensar no futuro quando se tem um presente caótico. É impossível sequer sonhar com um país minimamente desenvolvido quando se tem uma nação com gasolina a R$ 7, uma inflação de 9,63%, quando se tem 27 milhões de brasileiros vivendo na linha de extrema pobreza. 

É impossível fechar os olhos para tudo isso e ficar naquele velho discurso de “eu quero um país livre da corrupção”. Isso é utopia, é hipocrisia, é apenas uma idealização, pois a corrupção está enraizada no Brasil, é algo cultural, que não é feita apenas nas esferas públicas, mas quando uma pessoa fura fila, quando tenta dar “aquele jeitinho brasileiro” para conseguir um exame, uma consulta, uma vacina. É chegado o momento em que o povo terá que enfrentar a realidade, a sua própria realidade, e deixar todas as suas falas bonitas de lado, para poder sonhar com um Brasil melhor, afinal, entre o sonhar e o ter é preciso agir, e é justamente aí que está o abismo do brasileiro: a ação. Muito além de sonhar, é preciso raciocinar, é preciso ver o que se tem hoje e o que se quer, e escolher qual o caminho mais viável para poder transformar o sonho de um Brasil melhor em realidade. É preciso separar o joio do trigo.

 

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