Nunca comigo

Nunca comigo 

Que o Brasil é o país da impunidade todos estão carecas de saber; que por aqui tem mais lei para “enfeite” do que para ser cumprida é fato. que é justamente isso que trouxe o Brasil ao verdadeiro e completo caos, não precisa nem dizer. Mas o que mais espanta, mais assusta nisso é ter a certeza que nem o pior cenário possível é capaz de mudar o comportamento dos brasileiros, que seguem vivendo com total imprudência. Justamente em maio, o mês em que é feita a campanha “Maio Amarelo”, com intuito de conscientizar a população sobre os riscos do trânsito e as medidas de segurança – como usar o cinto, não dirigir após ingerir bebida alcoólica etc. –, Divinópolis teve três tragédias automobilísticas e, ao que tudo indica, por imprudência. 

A última delas, na madrugada de sexta para sábado, um acidente grave envolvendo um Fiat Uno e uma Toro, ceifou a vida de uma jovem de 17 anos, e o seu irmão, um jovem de 25, luta pela vida no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Informações da Polícia Militar afirmam que o condutor do Uno era inabilitado. O motorista da Toro fugiu do local, e a proprietária do veículo que era conduzido por ele, até o fim da tarde de ontem, não tinha sido encontrada pela Polícia Civil. Na tragédia anterior, no dia 8 de maio, uma mulher de 27 anos morreu no KM 118, na MG-050, no bairro Icaraí. O condutor do veículo em que ela estava, também conforme a polícia, havia ingerido bebida alcoólica. Um dia depois, um policial civil morreu em um grave acidente, no KM 108, na MG-050, em Itaúna. Além do policial, lotado na Delegacia de Divinópolis, um homem que estava no veículo morreu. 

As causas exatas dos três acidentes ainda não foram esclarecidas, mas ao que tudo indica em todos houve algum tipo de imprudência por parte dos motoristas e, claro, dos passageiros, que seguiram aquela do “acontece com todo mundo, menos comigo”. E é justamente com essa postura do brasileiro de viver como se não houvesse consequências que vidas são levadas, sonhos são interrompidos e famílias são marcadas para sempre. Mas, ainda pior do que isso, essa postura, além de causar danos irreparáveis e deixar marcas, não serve de exemplo para que tudo continue exatamente como está e, infelizmente, para que mais pessoas sejam vítimas da impunidade. Diante desse cenário de dor que famílias estão enfrentando hoje fica a pergunta: até onde a responsabilidade é do outro e até onde é minha? É impossível não fazer esse questionamento, visto que o Brasil está em plena e franca campanha de prevenção de acidentes. 

E aí, do que adiantam leis e campanhas, quando o brasileiro simplesmente não quer seguir o que é correto? A impunidade mata, acaba com sonhos, com sorrisos, com futuros. O pior de tudo isso? Não há sequer esperanças que essa realidade mude, com uma população incapaz de entender o que é certo e o que é errado. Por aqui, além da impunidade, tudo acontece com o outro, mas nunca comigo.

 

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