Nova CPI na Câmara começará em fevereiro, confirma líder do governo

Após o fim do recesso parlamentar, Edson convocará membros da comissão para primeiro encontro

 

Matheus Augusto

O ano começa com mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Divinópolis. O líder do governo na Câmara, Edson Sousa (Cidadania), confirmou que no próximo dia 2, quando encerra-se o período de recesso parlamentar, convocará a reunião para dar início à investigação. A comissão apurará possível dano ao poder público com a troca de 14 terrenos do Município, no bairro Chanadour, pelo lote particular em frente ao estádio ‘Farião’, no Porto Velho. 

Na oportunidade, serão definidos presidente e relator, além dos primeiros passos da comissão, como a requisição de documentos e convocação para oitivas. A comissão, instituída no fim do ano passado, é composta por: Ney Burguer (PSB), Rodrigo Kaboja (PDT) e Zé Braz (PV), além de Edson. 

A investigação tem como base a denúncia protocolada no Ministério Público (MP).

Ao Agora, o líder do governo voltou a classificar a denúncia como “covarde” e cita que a autorização para a troca dos terrenos foi aprovada na Câmara sem ressalvas ou emendas.

— O que mais revolta é que nenhum vereador fez nenhuma emenda. (...) Tentam usar o Ministério Público como escudo político — avalia, ressaltando seu respeito pela instituição. 

Além de apurar possível dano ao erário, será investigado o teor da origem da denúncia.

— Vamos a fundo, sim. (...) Quais forças estão por trás disso? — questiona. 

Sem dar nomes, Edson voltou a reforçar que a denúncia partiu de dentro do Legislativo.

— Gente do poder legislativo que foram omissos, indiferentes, covardes, moleques, inconsequentes. As pessoas estão assustadas com o nível desta câmara — comentou.

Com a acusação, as articulações da atual administração para implantar melhorias no local estão suspensas até o esclarecimento dos fatos. 

— A pior área urbana de Divinópolis. (...) Não vamos dar nenhum passo — pontuou Edson.

Os primeiros passos da comissão ainda serão discutidos no próximo mês, quando os integrantes se reunirão pela primeira vez, mas Edson já prevê “muitas surpresas”.

Nota

O vereador já havia publicado, na semana passada, uma nota em suas redes sociais. Conforme argumenta, o intuito da troca era permitir ao Município executar ações de melhorias estruturais e sociais na região próxima ao estádio. 

— Trabalhamos há décadas para melhorar a pior área urbana de Divinópolis. Sem iluminação, sem escoamento, sem limpeza e sem segurança. O que tem de positivo naquela área é somente o povo honrado e trabalhador que mora no entorno. Ali está o estádio da maior torcida do interior de Minas Gerais. É uma área que pode integrar o Centro, Niterói, Maria Helena, Porto Velho, dentre outros — defendeu. 

Segundo o parlamentar, a denúncia foi apresentada oito dias após a audiência pública sobre o tema, e 14 antes da votação.

— Depois de anos de luta, conseguimos trocar quase 10 mil metros daquela área ali numa permuta com uma empresa privada, sendo mais de 5 mil edificáveis. Acontece que eu não sei se foi por molecagem, ignorância, má fé ou brincadeira, o projeto de Lei foi denunciado no MP. (...) O projeto podia ser emendado, podia ser modificado, mas nenhum vereador o fez no referido período! — lamentou Edson. 

Ao fim, citou a responsabilidade de esclarecimento dos fatos antes de implementar as melhorias previstas para o local.

— Vai ser trinta dias, sessenta dias, um ano, quatro anos? Não sabemos. Enquanto tiver um mínimo de dúvida sobre o projeto, estaremos suspendendo a urbanização. Se estão achando que vão brincar com o meu nome e o do prefeito estão muito enganados. No dia 2 de fevereiro de 2023, após o recesso, vou convocar os membros da CPI para iniciar os trabalhos, esclarecer os fatos; doa a quem doer! Se tiver qualquer ato político de má fé, que seja respondido — concluiu.

Contexto

A situação já foi repassada ao Ministério Público (MP), em Notícia de Fato que menciona o líder do governo, Edson Sousa (Cidadania), e o prefeito, Gleidson Azevedo (PSC). A CPI foi solicitada justamente por Edson, que comporá a comissão como membro. De acordo com ele, a denúncia apresentada ao MP é "grave e precisa ser apurada, assim como a motivação e os argumentos do denunciante", afirma no requerimento. O texto ainda cita que foram feitas acusações sérias aos servidores da Prefeitura, ao prefeito e a ele próprio, líder do governo. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 120 dias. 

Segundo o projeto, já aprovado e sancionado, somados, os lotes cedidos pela Prefeitura, localizado no bairro Chanadour, valem R$ 824 mil, enquanto o terreno adquirido em frente ao estádio tem valor de R$ 830 mil. O objetivo, de acordo com a atual gestão, é revitalizar o local, com estímulo ao desenvolvimento econômico e social do espaço. 

— O Gleidson trocou 3 mil metros em uma área distante por 10 mil metros em frente ao campo do Guarani, sendo que mais de 5 mil são edificáveis. Queremos a verdade — se defendeu Edson, ao Agora, em dezembro.

 

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