Noção

Noção 

O último final de semana sem sombra de dúvidas entrará para a história de Divinópolis. A cidade viveu o que podemos definir como “caos total”. O sábado, 25, começou agitado com o pedido de demissão da superintendente do Complexo de Saúde São João de Deus, Elis Regina. Logo após que a notícia vir à tona a população começou a se movimentar à favor de Elis. Um grupo no WhatsApp foi criado, e várias manifestações em prol da superintendente do CSSJD foram feitas nas redes sociais. E, se o sábado já tinha sido bastante turbulento, o povo de Divinópolis acordou no domingo com uma notícia de arrasar qualquer um. O segurança, Edson Carlos Ribeiro, de 42 anos, havia sido assassinado durante uma festa realizada no Parque de Exposições, enquanto trabalhava. O suspeito de cometer o crime, é o empresário Pedro Lacerda, que foi preso em flagrante. Junto a tudo isso, o polêmico projeto de lei de autoria do vereador Eduardo Azevedo (PSC), que proíbe os professores de Divinópolis a ensinarem a linguagem neutra nas escolas foi sancionado pelo prefeito e irmão do parlamentar, Gleidson Azevedo (PSC). 

Muita notícia, muita informação, e em consequência, muitas postagens, muitos textos contra e a favor de cada situação. É mais do que normal – e nós já nos acostumamos – que em tempos de internet, em tempos de redes sociais as pessoas tenham opinião, sobre tudo, e óbvio que os fatos do final de semana causariam uma enxurrada de opiniões. Mas, o que não é, e nunca pode ser normal, ou aceitável, é o fato de que o fato de uma pessoa ter uma opinião sobre determinado assunto, não a torna a dona da verdade. O que mais se viu nessa enxurrada de “opiniões” foram colocações bem equivocadas diante os fatos. Tornou-se comum na sociedade do espetáculo ser obrigatório ter opinião sobre tudo, mesmo que seja sem qualquer tipo de embasamento, o que vale é falar, e se fechar totalmente ao diálogo. Aliás, diálogo é uma coisa que a sociedade do espetáculo “matou e enterrou” há muito tempo. 

Diante informações distorcidas pela própria população em cada fato noticiado desde a última sexta-feira, 24, fica a cada dia a certeza que é preciso não só ter coragem para falar, mas noção também. Afinal, o que mais se viu por aí foram pessoas corajosas, mas sem nenhuma noção. Muita gente não sabe – ou finge não saber – mas o bom senso ainda é usado, ou melhor, ele deve ser usado em momentos como os vividos pelos divinopolitanos no último final de semana. Muita gente não sabe, mas não é porque a sociedade do espetáculo criou tudo isso, mas nem sempre é preciso ter uma opinião formada sobre tudo. O bom senso e noção entram justamente aí, no silêncio, no diálogo, e na responsabilidade que se tem quando se expõe uma opinião. E, é sempre bom relembrar: opinião não é fato, e não é porque fulano, cicrano ou beltrano disse, que é verdade. 

É preciso que a população dê espaço ao bom senso, antes de fazer os seus discursos inflamados na ânsia de tornar aquilo real. É preciso que o povo volte a dar espaço ao diálogo, e volte a ter medo de ser burro, pois esse comportamento só está nos afundando cada vez mais para um lugar que talvez não tenha saída.

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