No último vagão

MAIS QUE PALAVRAS

NO ÚLTIMO VAGÃO

 

Olá! Como vai? A vida é um constante movimento de emoções fortes. A vida flui. A vida anda. A vida se movimenta. E esse movimento provoca emoções fortes em nós. Esse “fluir emocional” é feito de situações em que experimentamos as diversas fases da existência, como: assistir ao momento da chegada de um filho, presenciar seus primeiros passos, suas primeiras palavras. A vida é dinâmica. E é um processo que não pode ser detido. Todos os momentos são vividos e todas as emoções são experimentadas. É inevitável. Como afirma a Bíblia: “tudo tem seu tempo determinado” (Eclesiastes 3.1). Acredito que estamos programados para enfrentar as emoções da vida. Contudo, isso não significa que seja fácil ou não mexa conosco. Alguns momentos não são fáceis e mexem profundamente conosco. Embora seja natural, não é com naturalidade que enfrentamos alguns desses tempos determinados.

Um desses momentos “determinados e aguardados” que causam fortes emoções é a despedida. Despedir-se de alguém que você ama é muito difícil de elaborar. A despedida é um forte sentimento de perda. Mas, não só a despedida final, também o “até breve”, que acena para alguém que amamos, mas que precisamos deixar. Como: deixar o filho em cidade distante, para fazer a faculdade. Ou, dizer “até breve”, quando um filho se casa. É normal não enfrentarmos isso naturalmente. Despedidas deixam as emoções em pedacinhos, que chamamos de saudade. O sentimento que parece nos dominar é uma espécie de abandono voluntário. É como se estivéssemos deixando os filhos, abandonando-os... Não é bom o sentimento!

Para enfrentar momentos assim aprendi uma história, que escrevi ao meu filho, recentemente, por ocasião de um momento de despedida. Aquele “até as festas que reunirão a família”. A história é mais ou menos assim: um pai viajava com seu filho com frequência, até outra cidade. Essas viagens eram feitas de trem. Ambos curtiam muito a viagem. Isso durou o tempo necessário para que o filho crescesse e se tornasse um rapaz. Logo ao crescer, ainda necessitando viajar de trem, o filho disse ao pai, pela primeira vez, sentindo-se adulto e maduro: “Pai, a partir de hoje farei a viagem sozinho. Não preciso mais de sua companhia. Sou grande agora. Sei me virar”. Embora o pai insistisse em acompanhar o filho, ainda que por amizade, isso não funcionou. O filho havia crescido e queria “voar” sozinho. Então, o pai levou o filho até o trem. Despediu-se dele e colocou um bilhete em seu bolso. O filho estava “livre”. Sentindo-se adulto, o filho iniciou a viagem bem feliz. Observava a paisagem pela janela. Finalmente, ele estava na direção da própria vida. Mas a viagem foi ficando tensa! Pessoas estranhas foram entrando no vagão. Alguns com aspecto ameaçador. Olhares de espertalhões “predadores” observavam uma provável vítima. Então, o filho começou a sentir medo. Quando se lembrou do bilhete deixado pelo pai em seu bolso. Ao abrir o bilhete, leu a seguinte mensagem: “Filho, precisando de qualquer coisa, estou no último vagão!”. Isso é o que as pessoas que amamos precisam saber. Elas chegarão ao tempo de sua independência e autonomia. A vida é assim! Mas saibam que estaremos sempre no último vagão. E, quando precisarem de algo, que saibam que estamos por perto. Pense nisso!

 

Israel Leocádio

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