Nas mãos

Nas mãos

Pelos corredores da Câmara, na tarde de ontem, o clima era de incerteza. Os vereadores se preparavam para votar a admissibilidade ou a rejeição da denúncia contra Diego Espino (PSC). Os mais pessimistas visualizam um cenário em que os vereadores não teriam coragem de aceitar a denúncia e iniciar um processo de desgaste contra um colega de Casa. Quem parou para fazer as contas previu um cenário mais concreto, com uma votação acirrada. Foi o que aconteceu. O voto nominal deixou o clima ainda mais dramático, com um placar disputado até o fim. Após o empate de oito votos para cada lado, o presidente da Mesa Diretora, Eduardo Print Jr. (PSDB), precisou desempatar a situação e votou pela admissibilidade. Minutos depois, em entrevista à imprensa, usou a necessidade de transparência para justificar seu voto. 

Os lados

Espino se disse tranquilo em relação à denúncia e reforçou suas declarações anteriores, afirmando ser vítima de perseguição política devido à sua atuação. Já Flávio Marra (Patriota), autor da denúncia, discursou que não vê a votação como uma “vitória pessoal", mas se viu na obrigação de apresentar o documento após a série de atitudes de Espino que classifica como quebra de decoro. Como denunciante e denunciado, ambos não votaram. Os suplentes de cada um, porém, votaram favoráveis à admissibilidade. 

Próximos passos

O que resta agora é aguardar. A Comissão Processante foi sorteada e será composta por: Israel da Farmácia (PDT), Wesley Jarbas (Republicanos) e Ademir Silva (MDB). Desses, dois votaram pela admissibilidade da denúncia – Ademir e Israel. O primeiro passo da comissão será definir quem ocupará quais obrigações, entre presidência, relatoria e membro. A comissão será responsável por apurar as denúncias e conduzir os depoimentos, ouvindo a defesa de Espino e as testemunhas citadas por Marra. Ao fim, um relatório com a conclusão da investigação será elaborado. Uma nova sessão de julgamento será convocada. Na oportunidade, os vereadores decidirão se cassam ou não o mandato do acusado. No entanto, o placar de 9 a 8 não garante a cassação; para isso, é necessária maioria qualificada, ou seja, 12 votos. Até lá, caso não haja alteração do cenário, Marra precisará converter o posicionamento de ao menos três edis para garantir a saída de Espino do Legislativo. Até lá, serão longos meses. Ambos são pré-candidatos a deputado federal. 

Nova denúncia?

A lua de mel da atual administração com alguns vereadores parece ter acabado. Ao Agora, enquanto comentava a denúncia, Marra expressou descontentamento com o apoio do prefeito Gleidson Azevedo (PSC) a Espino. A surpresa ficou por conta da declaração feita por Flávio, que acusou o chefe do Executivo de trocar votos por vídeos com promessas de recapeamento. Questionada, a Prefeitura negou veementemente as afirmações. Verdade ou não, o autor conseguiu que a denúncia fosse aceita e, assim, o processo de investigação se inicia. Apesar do resultado, as trocas de farpas demonstram, novamente, os atritos existentes não apenas dentro do Legislativo, mas também com o Executivo. 






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