Narrativa

Narrativa, originalmente deriva do sânscrito “gnaris”, passando pelo latim “narrare”, chegando ao nosso idioma, segundo o dicionarista Aurélio Buarque,para significar contar, historiar, expor.  Trata-se de uma tradução literal, havendo algum desvio no seu emprego, conforme um segmento profissional ou político, no último caso levando em conta determinada situação social. Na literatura, vincula-se ao texto de um romance, novela; na imprensa, refere-se a acontecimentos, eventos, etc. O termo vem sofrendo estranha semântica, de caráter fictício, visando atingir, politicamente, a adversários e seu aniquilamento, comunidades e governos nacionais.

Parlamentares golpistas dele fizeram uso no sentido de incriminar a presidente Dilma Rousseff, e agora são do mesmo grupo  os que não aceitam o atual governo venezuelano. Comentaristas de alta projeção no jornalismo, endossaram o coro nas críticas ao presidente Lula,  o qual   fez uso do vocábulo unicamente para  considerar que as acusações ao governo legítimo de Nicolau Maduro, são meras narrativas, ademais que deveremos respeitar a autodeterminação dos povos. Magnatas farsantes, acompanhados por coxinhas da classe média, nutridos por distorcidas notícias, não aceitam a soberania de um país vizinho  que inova um novo modelo de autonomia política, construindo seu próprio destino.  

 No meu entender esse tipo de contestação só pode ter sentido no espírito de cupidez, o que de certa forma é compreensível, pois o Brasil independente não nasceu da liderança e participação  comum, e sim de um Grito solitário, no Ypiranga.  Ao contrário, Venezuela é fruto do tinir das espadas, ristes das mãos de soldados, na Batalha de Carabobo, sob o comando do inconteste líder sul-americano Simon Bolívar, que tinha ao seu lado o brasileiro General Abreu e Lima. 

Venezuela, em alusão à Veneza, denominação dada pelos navegantes espanhóis Ojeda e  Vespúcio, quando da passagem de ambos pela foz do rio Orenoco, em 1499, nada mais genuíno  que a partir de um filho seu, Hugo Chavez buscasse e seguisse sua identidade histórica, algo que a maioria dos países americanos, por razões que respeitamos, preferiu diferente rumo, embora se assemelhe na ambição à liberdade. No Brasil, rico em diversidade cultural, é praticamente improvável se formar uma unidade no estilo venezuelano. Entre nós, os líderes que surgiram, ao menos no período de descolonização, tinham base de ação regional, todavia tentamos minimizar seus efeitos através da legitimação popular e democrática, pelas urnas.

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