Não vira nada

Não vira nada 

Mais uma vez a superlotação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto é algo que muitos conhecedores da sua história chamariam de “tragédia anunciada”. Era fato, como dois mais dois são quatro, que os casos de covid-19, junto aos de gripe, trariam uma sobrecarga ao sistema de saúde como um todo, tanto público quanto privado. Assim como a “tragédia” já era anunciada, a inércia dos governantes também. Mais uma vez precisou de o “caldo entornar” para que as autoridades locais começassem a agir. E, claro, mais uma vez os divinopolitanos precisaram ficar desassistidos – como o caso da moça que foi embora sem atendimento da unidade de saúde – para que algo começasse a ser feito. Assim como no início deste ano, quando a terceira onda do coronavírus atingiu o Brasil, muitos responsáveis  demoraram quase um mês para anunciar um plano de contingência. 

A falta de leitos hospitalares no Centro-Oeste não é novidade. Que a conclusão da obra do Hospital Público Regional Divino Espírito Santo solucionaria 80% do problema também não é novidade. Mas, por aqui, é preciso a coisa ficar feia para que algo, o mínimo que seja, comece a ser feito. Só depois de ver o sistema de saúde “estrangulado” mais uma vez é que o Município anunciou que autoridades debateram a situação na segunda-feira. Nota enviada pelo Executivo Municipal mostra que diversos assuntos foram discutidos, entre eles “Tratativa de retomada da construção do hospital, por meio do deputado federal Domingos Sávio e o estadual Cleitinho”, e “Criação de campanhas de conscientização de prevenção de doenças respiratórias, como Influenza e covid-19”. 

Resumindo, essa foi apenas mais uma reunião entre milhares de outras feitas anteriormente. A população divinopolitana já perdeu as contas de quantas vezes a retomada das obras do Hospital Regional já foi debatida. Enquanto as autoridades debatem, milhões de dinheiro público se deterioram com o tempo. Enquanto os governantes debatem, vidas são perdidas pela falta de assistência adequada. Todos sabem que o máximo que o hospital chegou perto de ter parte de sua obra concluída foi no ano passado, quando a segunda onda da covid-19 atingiu em cheio o Brasil. Depois, quando os dados epidemiológicos mostraram uma melhora no quadro, o lugar voltou a ser apenas mais uma obra pública parada por aí. E, claro, como o que de fato deveria ter sido feito – como a continuidade da obrigatoriedade dos protocolos de prevenção à covid-19 – não foi, a única saída e “debater” mais uma vez. 

A grande verdade no entorno disso tudo é que por aqui não vira nada. Mais uma onda da doença atinge a população, mais uma vez os hospitais ficam superlotados, faltam leitos, profissionais, medicamentos, insumos, mas o que não faltam são reuniões que “debatem”, mas nunca apresentam soluções. E as consequências são terríveis para aquele que nunca tem o mínimo de retorno: o povo.

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