Não muda
Não muda
Entra ano, sai ano, vem eleição, vai eleição, e o Brasil continua exatamente igual. A sensação que se tem é que o país anda em círculos e que a população é feita de boba todos os dias, mas se deixa fazer. A cada disputa pelas cadeiras dos Poderes Legislativo e Executivo, o que não faltam são promessas. Mas basta ganharem a eleição e assumir seus respectivos lugares para que os eleitos para representar o povo comecem a trabalhar em causa própria, esquecendo-se que do lado de fora de seus gabinetes com ar-condicionado tem um povo que trabalha arduamente, de sol a sol, para sustentar esse sistema corrupto, que legisla em prol de si mesmo – nem todos, é claro. E, assim, neste ritmo, o Brasil permanece exatamente como na década passada, como no século passado. A coisa não muda. Provar isso não é muito difícil. Nesta semana, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que os indicadores do Estado melhoraram, mas que pautas importantes ficam travadas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aguardando serem colocadas para votação.
Em alguns casos – como do projeto de lei do recurso da Vale – a demora se justifica. Afinal, uma das funções do Legislativo é fiscalizar e trabalhar para que o recurso público seja aplicado em áreas que realmente necessitam. E, se não há fiscalização, não tem sentido ter vereadores, deputados e senadores no país. Mas, por outro lado, tudo não passa, como diriam os antigos, de “intriga da oposição”. Sim! A população está cansada de saber que, quando projetos de lei estão relacionados a temas polêmicos, todos, mas exatamente todos os políticos querem tirar “uma casquinha” da situação e angariar alguns votos. Em outras palavras, tudo não passa de campanha antecipada feita de forma bem sutil, para que nem a Justiça Eleitoral e nem a população perceba. É fato que algumas pautas são travadas no Legislativo, seja na esfera municipal, estadual ou federal, para o bel-prazer dos parlamentares.
Mas o que mais chama a atenção é que, por mais que tentem tramar de forma sutil, tudo isso está mais claro do que “o sol do meio-dia”. E ainda há um agravante: o próprio povo. Infelizmente, mesmo diante desta atuação, que é minimamente vexatória, diversos políticos são reeleitos, ou pior, acumulam quatro, cinco, seis mandatos. A “coisa” não muda, e não há perspectivas de mudar, pois, “se tem show, é porque tem plateia”. Se existem políticos corruptos, é porque o próprio povo aceita e finge que não ver. Por aqui, neste país da impunidade, é muito mais fácil postar vídeos, textos em redes sociais, fazer discursos bonitos e inflamados contra a corrupção do que realmente começar a mudança que tanto é pedida, que é tão sonhada.
É como dizem por aí, “o povo tem o político que merece”. Talvez, aqueles que estão no poder fazendo isso sejam apenas o reflexo daqueles que os elegeram. Afinal, não são os opostos que se atraem, e sim os iguais. E, quando iguais se atraem, continuar andando em círculos é o que espera os brasileiros durante os próximos anos.