Não existem monstros, existem crimes

 

Por Laiz Soares

No último mês, vimos o caso assustador da procuradora Gabriela Barros, espancada no trabalho pelo colega Demétrius Oliveira de Macedo. O fato chocou o Brasil, mas, como há sempre justificativas para amenizar a violência contra mulher, vi muitos alegarem como esse é um caso isolado e somente um monstro faria isso.

O que as pessoas que dizem isso não percebem é como não são monstros que fazem isso, são pessoas, são homens, e esses assediadores estão mais perto do que muitos admitem. Somente em 2021, foram ajuizados, na Justiça do Trabalho, mais de 52 mil casos de assédio moral e três mil de assédio sexual no país, segundo o Tribunal Superior do Trabalho. 

Um levantamento do Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão mostrou que 97% das brasileiras com mais de 18 anos entrevistadas afirmaram que já passaram por situações de assédio sexual no transporte público, por aplicativo ou em táxis. Não são casos isolados, é a maioria das mulheres do nosso Brasil. 

Esse número pode parecer assustador, mas é ainda pior saber que eles não são nada perto da realidade escondida debaixo do tapete. Quantas mulheres sofrem violência e os crimes não são flagrados pela câmera de um celular? Quantas não são ouvidas por aqueles que deviam ajudá-las?

Na última semana, mais um caso nojento veio a público, mostrando a falta de segurança que temos como mulheres. O anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, foi preso em fragrante pelo estupro de uma mulher na hora do parto. Depois do caso ser divulgado, mais cinco vítimas procuraram a polícia. 

O parto, um momento único na vida de diversas mulheres, foi sujado por esse crime hediondo por parte de um profissional que deveria estar lá para assegurar o conforto e a vida da mulher. 

Não é um doente, não é um monstro, é um homem criminoso. Um homem que não respeita a vida e a dignidade das mulheres. Tratar casos de assédio, de violência contra mulher e de estupros como crimes isolados é ignorar a quantidade de mulheres que são atingidas por esses crimes.

 

Precisamos dar nomes aos bois para conseguir detê-los. No ultimo anos, o Brasil registrou um estupro a cada dez minutos, foram 56.098 casos ao longo do ano. A cada 7 horas ocorre um feminicídio em nosso país. Isso não é um caso isolado, é a realidade brasileira, são médicos, pais, colegas de trabalho, são homens criminosos que devem ser tratados como tal.







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