Na maciota

Na maciota

 

Existe uma expressão brasileira que diz o seguinte: “na maciota”! Em outras palavras, é quando uma pessoa faz algo de forma sutil, com calma, sem chamar muito a atenção. E é exatamente assim que os políticos brasileiros estão agindo. Como todos sabem, em 2022 a população vai às urnas escolher governador, deputado estadual, deputado federal, senador e presidente. E engana-se quem pensa que as eleições do próximo ano mexem apenas com quem está “lá em cima” – tanto quanto, ou até mais, com vereadores, prefeitos e vice-prefeitos. Se o povo divinopolitano parar um pouco vai perceber nos detalhes e nas sutilezas como o cenário político para o próximo ano começa a se formar, e como as atitudes dos atuais representantes do povo mostram isso. 

Tudo, como sempre é e sempre será, está sendo feito “na maciota”. Uma portaria aqui, um benefício ali, um abono acolá, uma obra, uma melhoria, um asfalto, tudo para criar reduto eleitoral. Um dos maiores “clássicos” de Divinópolis é o Hospital Público Regional Divino Espírito Santo. Todos estão carecas de saber que a obra está parada e que não há interesse da classe política em terminá-la, pois é da promessa de finalizar e entregar alguma construção, melhoria que milhares de votos são tirados. E é “na maciota”, com uma justificativa aqui, outra ali, às vezes um videozinho revoltado jogando a responsabilidade para o outro, que os representantes do povo vão “empurrando com a barriga”. 

Diversas outras situações poderiam ser citadas, mas não é necessário, afinal de contas, é como dizem por aí: “se tem show é porque tem público”. Se fazem é porque o povo gosta e aplaude. E essa situação não começou ontem, ela perdura desde que a população ganhou o direito de ir às urnas e eleger democraticamente os seus representantes – está enraizada. Se há compra de votos é porque existe quem venda. O pior disso é que muitas vezes esse voto é vendido a preço de banana. Por aqui a campanha política antecipada está a todo vapor. De forma sutil, mas já é feita para quem quiser ver. Basta prestar atenção nos detalhes, e não há sequer a expectativa de que um dia isso acabe. 

Diante do cenário, de campanha eleitoral antecipada, de venda e a falta de perspectiva de mudanças, o desejo é que, se for para vender, que pelo menos a negociação seja boa, afinal, esse “negócio” reflete na sociedade, no coletivo e não tem como mensurar as consequências negativas que trazem para todos. Distante de se tornar uma sociedade evoluída, um país de primeiro mundo, a população segue em busca do seu herói também “na maciota”, na sutileza, pois se vender é mais fácil do que cobrar e exigir. Se tem campanha eleitoral antecipada é porque tem permissão, é porque tem gente – muita gente – fingindo que não vê. Aqui, na terra dos tupiniquins, tudo é feito “na maciota”, para que permaneça exatamente como está. Se um lado está perdendo, está tudo bem, não tem asfalto, cesta básica, uma consulta médica, uns tijolos que não resolva.

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