Muita calma

Muita calma

 

O ano ainda não acabou e a discussão “ter ou não ter carnaval” já toma conta da população brasileira. De um lado tem-se comerciantes, lojistas, população em geral, que pressiona para que o tradicional evento seja realizado no próximo ano, na esperança de recuperar o que foi perdido e também de retomar a vida quase normal. Do outro, tem-se aqueles que ainda estão com medo e pedem um pouco mais de cautela com a realização de grandes eventos. É fato que a vacinação contra a covid-19 deu um grande avanço nos últimos dias e que os dados epidemiológicos mostram um cenário cada vez mais favorável para o retorno da vida sem medo, sem máscara, regada a festas, encontros, abraços e por aí vai. Mas também é fato que por mais que a vontade de retomar a rotina seja grande, e que atualmente o Brasil tenha um cenário epidemiológico favorável graças à vacinação, a pandemia não acabou. Os cuidados ainda devem ser tomados diariamente para que o caos não se instale mais uma vez, como está acontecendo na Europa.

A situação pede tanta cautela que o Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte recomendou que a Prefeitura não patrocine o carnaval 2022, que já é considerado um dos maiores do país. Na nota, os infectologistas afirmam que tais ações podem vir a ter consequências negativas importantes para a saúde. Ainda segundo o Comitê, a recomendação é baseada em uma série de motivos, entre eles, a diminuição da imunidade produzida pela vacinação a partir de 6 meses da segunda dose e por grande parte da população ainda estar sem a dose de reforço. Os profissionais alertam ainda para o atual cenário vivido na Europa, onde países como Alemanha, Reino Unido, Holanda, que até o dia 20 de novembro, em que o nível de vacinação era próximo ou melhor do que os índices brasileiros e que lá estão vivendo a quarta onda da epidemia. 

Talvez, no momento, o assunto não exija só calma, mas também prudência e responsabilidade dos políticos brasileiros e do povo. Afinal, se existe um outro fato que envolve toda esta situação é que ninguém quer viver o que viveu de março a julho deste ano, quando o cenário da pandemia foi o pior já visto na história da humanidade. E, se o povo chegou até aqui podendo almejar a vida normal, sem máscara, com aglomerações, sem medo, foi graças às vacinas, aos cientistas, aos profissionais da saúde, que emitiram desde o início deste pesadelo todos os alertas possíveis e trabalharam arduamente para que a humanidade pudesse ao menos flexibilizar as regras de distanciamento e para que vidas fossem salvas. Claro que mais uma vez eles estão não só com a voz, mas também com a razão. Sem sombra de dúvidas, este não é, ainda, o melhor cenário para voltar a viver como se não existisse um vírus letal mundo afora, que mata as pessoas asfixiadas. 

 

É chegado o momento em que mais uma vez a população terá que fazer a sua parte e mostrar – se é que tem – a sua empatia, o seu amor ao próximo, o amor a si mesmo e a sua responsabilidade, pois, ao que tudo indica, a vida de volta ao “antigo normal” ainda ficará nos sonhos, afinal, a pandemia não acabou. A cautela precisa estar em primeiro lugar.

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