Motoristas do transporte coletivo podem entrar em greve no próximo mês

Trabalhadores cobram reajuste salarial e outras reivindicações; TransOeste alega falta de auxílio da Prefeitura

Bruno Bueno

O transporte coletivo público de Divinópolis pode entrar em greve no próximo mês. Ao menos é o que indica o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sinttrodiv). Em entrevista ao Agora na tarde de ontem, o presidente do sindicato que representa a categoria falou sobre o assunto. Eles cobram reajuste salarial e outras reivindicações.

O Consórcio TransOeste, do qual integram seis empresas de ônibus, alega dificuldades financeiras e cobra auxílio da Prefeitura. O Executivo não reajustou o valor da tarifa de ônibus, mesmo com o sinal positivo do Conselho Municipal de Trânsito (Comutran).

Reivindicações

Presidente do sindicato, Erivaldo Adami explicou à reportagem que as principais reivindicações passam pelo reajuste salarial solicitado.

— 20% de reajuste para recompor a perda de 2020/21. Nós tivemos a correção em 2021/2022, mas isso não ocorreu de 2022 para 23. Além disso, queremos ticket alimentação, ampliação do plano de saúde sem descontar do trabalhador e adicional de 20% devido aos motoristas também serem cobradores — pontua.

Os pedidos não param por aí. A melhoria das condições de trabalho e complementações salariais também estão na pauta.

— Pagamento de hora extra sem banco de horas, anotação real do cartão de ponto e o adicional de 15 minutos de hora do extra. Esse é o tempo que o motorista gasta para fazer o acerto. Também temos que discutir ticket alimentação nas férias, 13º e outras questões — acrescentou.

Reunião

 

Erivaldo revelou que a categoria chegou a conversar com representantes do Consórcio TransOeste e que membros da Prefeitura de Divinópolis também foram convidados. No entanto, nenhuma solução foi encontrada.

— Teve muita “choradeira” da parte deles. Eles alegaram que o Executivo Municipal só está concedendo R$ 600 mil de subsídio. Também falaram que se o prefeito não se manifestar, não terá proposta. Sem proposta, teremos paralisação ou iremos à Justiça para determinar nossos direitos — completa.

O presidente do sindicato argumenta que  os motoristas não podem ficar outro período sem receber o reajuste salarial. 

— Nós já perdemos um ano. A empresa foi beneficiada com medidas da pandemia promovidas pelo governo federal. Suspensão de contratos de trabalhos e ausência de pagamento de horas extras são exemplos — argumenta.

 

Próximos passos

 

Sem acordo com o Consórcio TransOeste, o sindicato alega que a paralisação deverá acontecer no início do próximo mês.

— Vamos esperar até depois do carnaval. Caso a proposta não apareça entre o fim de fevereiro e o início de março haverá paralisação. Pedimos a compreensão da população, pois o usuário também está sendo penalizado. É um direito nosso — revela.

Em serviços essenciais, como na área da saúde, a paralisação garantida por lei deve acontecer de forma parcial para não prejudicar o atendimento. O caso, segundo o presidente do sindicato, não se aplica aos motoristas de ônibus.

— Se a paralisação acontecer, tem que ser total. Não adianta rodar com 30 ônibus ao invés de 100, por exemplo. Isso atrasaria o processo — finaliza.

 

Serviços

 

Rafael Rodrigues é estudante e enfrenta dificuldades ao usar o transporte coletivo todos os dias para ir até a região Central. 

— É difícil pegar um ônibus que não fique lotado no horário que saio da escola. O problema é que todos estão assim. Se não pegar o veículo lotado, tenho que esperar o próximo, que sempre demora muito tempo para chegar — explica.

Luana Assis também sofre do mesmo problema. 

— Saio de casa cedo para pegar um ônibus que não esteja tão cheio. Quando é horário de pico, já sei que não vou conseguir sentar. É um absurdo. A gente fica cansada do serviço e só quer chegar em casa com o mínimo de conforto — completa.

 

Prefeitura 

 

O Agora questionou o assunto junto à Prefeita. Em nota, a assessoria de comunicação  informou que o assunto deve ser tratado com “exclusividade pelo Consórcio TransOeste”.

 

TransOeste

 

O Consórcio TransOeste informou, em nota, que “compreende a reivindicação dos trabalhadores, porém precisa ter responsabilidade para cumprir com suas obrigações trabalhistas”.

Também afirmou que “aguarda o cumprimento do contrato por parte da Prefeitura para que possa negociar melhores condições com seus trabalhadores”. As críticas ao Executivo Municipal não pararam por aí.

— A tarifa do transporte público está congelada há quase 4 anos e a Prefeitura deve tomar medidas compensatórias para não acontecer com o transporte público o que aconteceu com o setor elétrico brasileiro. O setor elétrico brasileiro viveu um tarifaço e risco de apagão devido a medidas de congelamento tarifário sem o devido planejamento — pontuou.

O consórcio argumentou  ainda que o transporte coletivo de Divinópolis “está há 4 anos sem renovar sua frota, sucateando os serviços devido à falta de planejamento.” Por fim, cobrou diálogo para encontrar soluções ao problema.

 

Foto/Divulgação

Legenda: Transporte coletivo pode parar, segundo sindicato 



Olho: “Vamos esperar até depois do carnaval. Caso a proposta não apareça entre o fim de fevereiro e o início de março, haverá paralisação.”

Erivaldo Adami, presidente do Sinttrodivi 

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