Motorista que levava finalista de concurso assumiu risco de matar, conclui investigação

Condutor vai responder por vários crimes; irmão da vítima recebe alta e precisa de doações para recuperação

 

Bruno Bueno

A morte de Glauciara Ribeiro, de apenas 17 anos, completa 20 dias hoje. A jovem, finalista do concurso Rainha e Princesas da Divinaexpô, foi a vítima fatal de um grave acidente registrado no dia 14 de maio, no cruzamento da rua Pernambuco com a avenida 1º de Junho. 

A Polícia Civil concluiu o inquérito e deu os detalhes em uma coletiva à imprensa na manhã de ontem. De acordo com as investigações, um jovem de 22 anos, motorista do carro que Glauciara estava, foi considerado culpado pelo acidente. As investigações apontaram que ele assumiu o risco de matar ao cometer diversos crimes de trânsito.

 

Relembre o caso

O acidente envolveu dois veículos: um carro popular (Fiat Uno) e uma caminhonete (Fiat Toro). Glauciara estava no carro menor com dois colegas (na frente) e seu irmão – os dois, no banco de trás e arremessados para fora do carro. Os outros ocupantes tiveram apenas ferimentos leves.

A batida ocorreu por volta das 2h em um local com câmeras do Olho Vivo. Depoimentos dos envolvidos e de testemunhas que passavam pelo local foram colhidos pelas autoridades competentes.

 

Motoristas

O motorista da Fiat Toro, segundo o delegado responsável pelo caso, Anderson Vicente de Souza, não foi responsabilizado pela morte de Glauciara. 

— Constatou-se, por evidência documental e testemunhos, que o condutor da caminhonete não pode ser responsabilizado pela morte da vítima e pelas lesões corporais dos demais ocupantes do veículo — explica.

Dirigindo sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o motorista do Fiat Uno, que levava Glauciara, foi considerado o principal responsável. O delegado justificou a conclusão dos fatos.

— O condutor do carro assumiu o risco de provocar o acidente por assumir a direção do veículo sem possuir a devida capacidade técnica e teórica, pois não possuía CNH, por ter feito uso de bebida alcoólica e assumir a condução do veículo, por avançar o sinal vermelho de forma deliberada, dirigir acima da velocidade permitida para o local e se omitir em relação à segurança dos ocupantes do veículo — pontua.

 

Fuga

Uma das principais especulações do caso dizia que o motorista da Fiat Toro havia fugido do local. A hipótese foi negada pela investigação.

— Fizemos uma perícia no celular e encontramos uma ligação às 02h18, logo depois do acidente. Nela, o condutor forneceu informações para a Polícia Militar (PM) contando a dinâmica dos fatos, passando, inclusive, seus dados pessoais como telefone e CPF. Tudo isso foi informado pelo 190. Ele deixou o local por medo, pois estava envolvido na situação — ressalta o delegado.

O motorista da Toro estava a 74 km, velocidade 85% maior que a permitida naquela via (40 km/h). No entanto, segundo o delegado, o excesso constatado no laudo não contribui concretamente para o acidente. 

— Se retirar o avanço de sinal do outro veículo, você não teria a lesão corporal.  Contudo, quem dirige nesta situação está expondo em perigo a segurança alheia — acrescenta.

A perícia não conseguiu concluir sobre a possibilidade de o condutor ter ingerido bebida alcoólica. A informação não foi confirmada pelas testemunhas.

— Nas oitivas, o condutor do Fiat Uno e as vítimas que estavam no carro afirmam que não se lembram de nada. Só se recordam do fato quando estavam na UPA. É provável que ele não se lembre do acidente devido à pancada forte — discute.

 

Investigação

Durante a entrevista coletiva, a perita Lívia Cabral Sátiro Abdo esclareceu a dinâmica do acidente. 

O motorista do Fiat Uno foi indiciado pelos crimes de homicídio doloso, quando o risco de matar é assumido,  e lesão corporal dolosa (com dolo eventual). O motorista da Fiat Toro responderá pela contravenção penal de dirigir veículo colocando em risco a segurança alheia. O caso segue no Ministério Público (MP).

 

Alta

Gleison Ribeiro, irmão de Glauciara, recebeu alta ontem do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). Ele estava internado desde o dia do acidente e chegou a respirar por aparelhos.  

Agora, ele precisa de doações para auxiliar na sua recuperação. Sua mãe, Dona Luciene, divulgou, em vídeo nas redes sociais, a necessidade de lençol, cobertores, pomada para assaduras, óleo de girassol, fraldas geriátricas (tamanho extra grande) e outros objetos. 

As doações podem ser entregues na loja Mega 24 horas (avenida Antônio Olímpio, 859, Centro). Entregas em outros locais podem ser combinadas nos telefones de Luciene (37 99809-5839), Osmar (37 99903-1819) ou  Cláudia (37 99969-0690).

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