Mistério ronda assassinatos em Divinópolis

Três tem mais de 40 anos e ninguém foi preso; outros mais recentes tiveram o mesmo fim e o Agora registrou

 

Gisele Souto

O ditado “não existe crime perfeito” é bem conhecido no meio jurídico. Em muitos casos, ele é tido como verdadeiro. O criminoso sempre deixa uma pista que leva a polícia a ele. Porém, em Divinópolis, a frase nem sempre parece se encaixar. Pelo menos em alguns crimes emblemáticos ocorridos há 30 anos e outros recentes. Todos, registrados pelo Agora ao longo dos seus 50 anos

Na década de 1980, foram registrados três assassinatos que ganharam grande repercussão. Mortos mais ou menos no mesmo período o irmão Lopes, à época diretor do Hospital São João de Deus; Ivan Silva, colunista social; e Beto Carlos, dono de equipamentos de som que prestava serviço para eventos.

Já se passaram mais de quatro décadas e até hoje não se tem rastros dos autores. Após esse período, houve o registro de pelo menos mais um semelhante e que ainda permanece o mistério.

 

Empresário conhecido 

Outro crime que chocou a cidade e causou grande repercussão foi a do empresário conhecido como 'Dinho Mourão', que tinha 71 anos, quando foi encontrado morto às margens da MG-050 no dia 12 de agosto de 2010. Quando foi encontrado, estava dentro do carro ainda com o cinto de segurança. O corpo apresentava perfurações na cabeça e no peito. Ao concluir as investigações à época, a Polícia Civil (PC) concluiu que Breno Mourão, filho do empresário, seria o mandante do crime e que dois rapazes que foram os à julgamento, um bom tempo depois, seriam os executores.

Cinco anos depois, os dois acusados, após cerca de 15 horas de júri, foram condenados. Um a 23 anos e outro 26, pegaram 14 anos de prisão em regime fechado. Um deles, pôde recorrer da sentença em liberdade. Já outro, só ficou preso porque cumpria pena por outro crime.

Quando foi morto, Dinho Mourão morava há poucos meses em um motel de propriedade da família. 

Todos os desdobramentos deste crime que 11 ano depois ainda é cercado de mistérios, foram publicados pelo Agora. 

 

Mais recentes 

Em junho de 2016, Daniela Mesquita, 36, foi morta pouco depois de sair de casa com a família para ir ao supermercado. Ao passar pela ponte que liga o Centro ao bairro Niterói no início da noite de uma desta terça-feira, foi alvejada com um tiro no peito.

A Polícia Militar (PM) informou à época que uma pessoa se aproximou do veículo, um Fiat Uno em que ela estava com o marido e o filho, e disparou. Ela, que estava no banco de passageiro, chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu.

A ação do criminoso foi rápida, enquanto pararam no semáforo. A reconstituição foi feita cinco dias depois, sob o comando do então delegado de Homicídios, Marcos Henrique Mont'Alverne, que investigava o caso. O Agora registrou. Porém, já se passaram cinco anos e um mês e não se tem notícias  se alguém foi preso. 

 

Em 2018

Uma ocorrência que chocou a cidades aconteceu no em abril de 2018. Três pessoas morreram e nove ficaram feridas em um atentado à clínica de recuperação "Resgatando os Cativos", projeto social voltado à reabilitação de dependentes de álcool e crack. O ataque ocorreu por volta das 22h, na rua Soldado Geraldo Fernandes, 700, no bairro Itacolomi.

Ao menos oito criminosos arrombaram um portão, foram aonde alguns internos dormiam e efetuaram vários disparos de arma de fogo para cima. Em seguida, atearam fogo no local e fugiram. As chamas destruíram parte da estrutura.

Alguns internos não conseguiram se livrar das chamas, porque ficaram presos debaixo de camas, e morreram carbonizados entre os escombros.

As primeiras investigações da Polícia Civil (PC) à época, apontaram que a principal hipótese é de que o ataque não tenha tido o objetivo de matar alguém específico, mas sim de assustar os integrantes da clínica.

À frente da delegacia de Homicídios, naquele ano, o delegado Vivalde Levilessi informou que foi dada atenção especial ao caso pela barbaridade e garantiu andamento das investigações. Também, não se tem informações se os responsáveis foram encontrados. À época, o jornal Agora estampou em sua primeira página, a barbaridade do crime. 

 

A paulada 

Ainda em 2018, o 32º homicídio registrado na cidade naquele ano, também foi bárbaro e registrado pelo Agora. A Polícia Civil investigou a morte de Bruno Guimarães, 39. Ele foi covardemente espancado no início da noite na rua Fernão Dias, no bairro Porto Velho. Segundo testemunhas, ele foi espancando com pedaços de pau em um lote vago e levado diretamente à Sala Vermelha do Hospital São João de Deus devido ao estado grave. Deu entrada por volta das 19h, mas morreu aproximadamente às 23h.

A principal suspeita na apuração do crime, girava em torno de usuários de drogas nas proximidades, onde a Polícia Militar (PM) revelou à época, ser um local onde se registrava diversas ocorrências envolvendo drogas. 

 

Basta de violência 

Na época do assassianto de Daniela, o hoje presidente da Câmara, à época vereador, Eduardo Print Júnior, fez um pronunciamento na TRibuna Livre da Câmara vestindo uma camisa com a frase, “Basta de Violência” e se mostrou indignado com crimes ocorridos em Divinópolis durante cerca de três meses seguidos. 

No mesmo ano, uma funcionária foi morta de forma covarde em uma lanchonete no bairro Nossa Senhora das Graças. O crime causou comoção e houve protestos de parentes e amigos próximo ao local. Eles se vestiram de preto e usaram faixas e cartazes.  

Hoje em dia, os bandidos contam com a certeza da impunidade e isso está muito errado. Acrescentou que se deveria ter uma mudança no Código Penal urgente. Temos que ter punições mais severas para que a população deixe de ser refém desta bandidagem  falou à época.  

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