Minha idade não me define

Minha idade não me define

Nome? CPF? Data de nascimento? Endereço? Profissão? Sexo? Estado civil?… Essas são as informações que nos definem em qualquer lugar que chegamos. É através delas que somos incluídos ou excluídos, valorizados ou desvalorizados. Sabemos que o nome que nos define de verdade é o CPF que carregamos. É ele, nosso CPF, que o mercado disputa e que indica se somos honestos ou se temos ficha na polícia. Ele é a etiqueta de identificação que o estado usa para cada um de nós. E que pode facilmente ser adulterado. Sabemos também que endereços, profissões e estado civil são perenes. São estados que transitamos durante nossas vidas e, portanto, não definem nada a nosso respeito. Até ontem morei ali, fui casado com fulano, hoje não mais, começo a exercer  a função x, a partir de amanhã. 

Sobre o sexo nem vou adentrar, tamanha a reviravolta que essa classificação teve. Deixou de ser binária e hoje é quase um gabarito. 

Resta-nos a idade, essa implacável classificação na qual somos enquadrados e matematicamente deferidos. 

Muito jovem para isso ou muito velho para quase tudo que se queira fazer. 

É aceitável que, para um jovem de 17 anos, 50 anos seja algo muito longínquo. Porém, para quem chegou aos 50, 60, 70,  a questão da velhice não é numérica. E aí percebemos, na pele, que essa matemática do tempo não nos define. E a discussão vai muito além do “se importa de falar a sua idade?”.

Quem vai dizer se eu estou apta para isso ou aquilo é a minha competência, a minha condição física, o meu caráter, a minha saúde e a minha disposição, e não um número chapado nas páginas amareladas da minha carteira de identidade.

Então parem de nos classificar como mercadorias vencidas! E, ainda que as estatísticas provem o contrário, estamos falando de seres humanos e seres humanos carregam em si a incrível capacidade de bagunçar as estatísticas. 

Atrás dessa data de validade vencida pelo mercado habitam mentes brilhantes, grandes líderes e grandes mestres. Habitam também  atletas, poetas, executivos, acadêmicos, artistas, especialistas, estudiosos e calorosos cidadãos comuns dotados de sabedoria e discernimento. São pessoas que enxergam além dos rasos horizontes. São pessoas cheias de sonhos, de planos e propósitos. E elas não vão parar por causa de um número! Não vão porque têm vida correndo em suas veias. São pessoas que  colocam tanta vida em tudo que fazem que não há tempo que possa medi-los. 

Elas, essas pessoas, estão mudando as estatísticas, embora jamais se acomodem nelas.

E, antes que você me pergunte como encontrá-las, eu te digo, esqueça os números e busque-as pelo brilho dos olhos ou quem sabe pelo calor de suas mãos. Você as encontrará nos mais diversos lugares e nas mais inusitadas situações. Com toda certeza você as encontrará ocupadas com a vida. 

Não ouse enquadrá-las em caixinhas, elas são elementos diversos. Nem tampouco ouse defini-las pela idade porque elas sabem ser eternas em seus instantes! 

Eu, orgulhosamente, sou uma dessas pessoas. E, definitivamente, a minha idade não me define!

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