Meu amor

JOSÉ CARLOS RAMOS 

Meu amor 

Os céus e a terra sabem do meu amor por minha  esposa, Marita. Aconteceu que o estresse diário provocado, especialmente nesse período pandêmico, somado às múltiplas ocupações do lar, oriundas de uma rígida educação à moda antiga, a fizeram  adoecer de modo preocupante. Tive que arregimentar batalhões de amigos, amigas e familiares para o seu completo restabelecimento. Médicos, psicólogos, pastores e vários oradores de religiões diversas  se uniram em uníssono para que a solidão não estendesse seu horrendo manto eterno sobre mim. Também não posso esquecer dos livre pensadores e curadores de plantão que ofereceram energias de pensamento positivo, chás de ervas milagrosas etc. O movimento seicho-no-ie, com sua sabedoria impecável, havia me ensinado que não existem doenças e aflições, fora de nosso pensamento que é a porta aberta para o infinito do bem e do mal. 

Sempre cuidei de minha amada como de uma criança, observando se ela está se mantendo alimentada, quais os alimentos necessários para seu organismo, o seu controle de peso e seu sorriso sempre extático. Nunca faltou uma parte de minhas economias para as surpresas como roupas novas, alimentos saborosos que chamassem a sua atenção, desde que testados e aprovados para que ela pudesse sempre se manter em plena forma. Um simples espirro sempre me chamava atenção para não progredir para uma jornada posterior de doenças respiratórias. Abrindo um parêntesis: sempre fui um romântico incurável e ela, obviamente, minha musa de ouro e cristal. Agora eu via com imensas preocupações o desenrolar de seu estado de saúde. Quero chamar a atenção de meus leitores para que atentem bem para o que eu passo a dizer: a coordenadora da Biblioteca Pública Municipal "Ataliba Lago", juntamente com sua equipe, altamente competente e amiga, cercaram com uma teia de amor minha amada e eu. Ficamos extremamente protegidos e eternamente agradecidos. Revezavam a todo momento em um diálogo sereno e benévolo, no intuito de nos auxiliarem com palavras mágicas de calor humano. Nosso sentimento era de fazer morada em um lugar de alto poder curativo. Sou funcionário antigo no referido setor, mas confesso ter me assustado com tanto amor e carinho para conosco em um momento de carência e dor.

Como é do conhecimento de todos, o livro tem em si o poder de cura, pois, no processo de leitura, deixamos o invólucro  horrendo da lagarta (estágio da borboleta) e iniciamos o voo para a vida, enfeitando o mundo. Voamos e sonhamos de formas criativas e belas, deixando para trás o mundo de horrores mentais. Minha amada esposa saltou na imensidão oceânica dos livros que estão à disposição de todos em nossa querida biblioteca.

Confesso que ela entrou por um caminho de alegria sem volta. Ela começa a colher flores e frutos que anunciam sua completa cura.

Recordo-me do  famosíssimo poeta árabe, Khalil Gibran que disse: "O amor é a única flor que desabrocha, sem a ajuda das estações".

Muito obrigado! Que Deus nos abençoe!

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