Março fecha com violência crescente contra as mulheres

Números de ocorrências envolvendo violência doméstica e feminicídios são preocupantes

 

Anna Flávia Alves  

O mês de março, dedicado aos avanços e às conquistas da mulher na sociedade, foi encerrado com violência ascendente contra o gênero em todo país, no estado e em Divinópolis. Em 2019, o Agora publicou um alerta sobre o relevante crescimento da violência doméstica e feminicídios registrados à época e, hoje, quatro anos depois, a situação é ainda pior. 

Segundo dados fornecidos pela Polícia Civil (PC), entre janeiro e fevereiro de 2022 foram registrados 242 casos de violência doméstica contra as mulheres em Divinópolis, enquanto que neste ano, nos mesmos meses, foram 259; um aumento de quase 10%.

A nível mais amplo, Minas Gerais teve, no mesmo período analisado acima, 22.622 casos de violência doméstica, enquanto em 2023 foram 24.430 - crescimento também de quase 10%.

Violência crescente

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que se baseia em dados fornecidos pelas secretarias de segurança pública dos estados e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada minuto, oito mulheres sofrem algum tipo de violência no país. 

Casos que chocam

Com uma frequência que assusta, o Agora e a imprensa em todo Brasil, mostram casos de violência com muita crueldade. 

Adolescente carbonizada

Divinópolis pode ser um exemplo desta semana. Uma adolescente de 17 anos foi encontrada carbonizada, ainda com parte do corpo em chamas, na estrada que dá acesso à comunidade Córrego do Paiol no início da tarde desta quarta-feira. Um morador da região que passava pela estrada vicinal para levar os netos à escola foi quem viu o corpo e pediu ajuda para acionar a polícia. 

A Polícia Militar (PM) foi até o local, registrou a ocorrência e em seguida, a perícia técnica da Polícia Civil (PC) esteve na comunidade e iniciou os trabalhos de investigação. Em nota emitida no fim da tarde de ontem, a Civil disse que familiares identificaram o corpo da adolescente, mas somente após laudos periciais e um exame de DNA, o corpo será liberado para a família. No momento, ele segue no setor de necropsia em Belo Horizonte. 

Mulher enterrada viva

Na Zona da Mata Mineira, no município de Visconde do Rio Branco, uma  mulher de 36 anos foi resgatada viva na última terça-feira, 28, de dentro de um túmulo sem caixão no cemitério da cidade.

Foram os coveiros que perceberam que a estrutura estava fechada com tijolos e cimento fresco. Eles acionaram a PM e quando a guarnição chegou ao local, a equipe ouviu os gritos de socorro.

Quando abriram o túmulo, encontraram a mulher com ferimentos na cabeça. O Samu foi chamado e levou a vítima para o Hospital São João Batista.

Segundo relato da mulher à PM, ela foi agredida e enterrada viva por conta do extravio de drogas e armas que estavam com ela.  

Atuação da PM 

Ao Agora, a Polícia Militar (PM) explicou que mediante o flagrante de violência doméstica e familiar contra a mulher deve ser acionado o 190 para deslocamento imediato de uma viatura ao local do fato, para adoção de providências em relação aos crimes praticados como a prisão do autor, confecção  do Boletim de Ocorrência e outras medidas.

 Caso a mulher tenha passado por violência doméstica em ocasião fora do flagrante, o boletim de ocorrência policial pode também ser realizado para as providências cabíveis. 

—Neste caso, mesmo não estando o autor em flagrante de crime, a vítima deve procurar pessoalmente a Polícia Militar ou a Polícia Civil para confecção do Boletim de Ocorrência, que será o instrumento propício para que outras medidas possam ser adotadas. Caso o BO seja feito pela Polícia Militar, a vítima deverá ir em seguida até a Polícia Civil, ou Delegacia de Mulheres para representar perante a autoridade competente. Este procedimento possibilita também a solicitação de medidas protetivas de urgência— pontuou a PM.

Além do serviço de policiamento ostensivo geral prestado pela Polícia Militar há também a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), que é um serviço especializado realizado por militares capacitados que, a partir das informações coletadas nos registro de boletins de ocorrências, selecionam internamente casos mais graves e reincidentes de violência doméstica e familiar contra a mulher para acompanhamento pessoal pela patrulha de autores e vítimas de violência doméstica, fora das situações de flagrante. 

—Assim, através da realização de visitas aos envolvidos, estes são orientados, monitorados e recebem os devidos encaminhamentos a outros órgãos da Rede de Atendimento, conforme o caso requer, podendo ser o Judiciário, Polícia Civil ou Defensoria Pública— destacou a instituição.

 O objetivo principal de todas essas ações planejadas é a quebra do ciclo de violência e a prevenção da ocorrência de delitos, além de ter ainda, caráter de orientação às partes. Este serviço da Polícia Militar é denominado como “2ª Resposta”, pois é um trabalho complementar ao serviço ordinário executado pela equipe.

 Ações diferenciadas

Em Itaúna, cidade vizinha de Divinópolis, um projeto lançado nesta quarta-feira, visa contribuir para a diminuição dos crimes contra as mulheres, “Chame a Frida" é uma ação onde uma atendente virtual orienta mulheres em situação de risco e vítimas de violência doméstica por meio de um número de WhatsApp.

O sistema é operacionalizado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e funciona através da atendente virtual, Frida, que está programada para recolher os dados informados pelas vítimas e responder aos comandos digitados na tela de conversa com orientações.

 

O contato pode ser feito pelo número: (31) 9 7595-4774, onde as mulheres podem se informar sobre medidas protetivas, como solicitá-las e como proceder caso o agressor não as cumpra.

Neste mesmo número, as vítimas podem ter informações sobre ordens judiciais expedidas, tirar dúvidas sobre a Lei Maria da Penha e se inteirar sobre procedimentos a serem tomados em casos de agressão.

 

Denuncie

Caso você tenha sido vítima de algum tipo de violência doméstica ou queira denunciar um possível ataque contra mulher, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher, o (Disque 180). 

O número funciona 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados e pode ser usado tanto pela vítima quanto por denunciantes. A ligação é gratuita e será feita no mais absoluto sigilo. O canal ainda fornece diversas informações como os direitos da mulher e pontos de Delegacia da Mulher

 

Foto/Divulgação/JA

Legenda/ A onda de violência contra a mulher é crescente



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