Mais um na estatística

Da Redação

O Carnaval acabou e tudo começa para valer, agora. Então bem-vindos a um novo novo  que inicia marcado pela violência. Nos blocos, no trânsito, em todo lado. Mas, entre todas, a que mais chamou a atenção neste feriado foi a chacina no Mato Grosso. Dois homens supostamente perderam uma aposta em um jogo de sinuca, voltaram ao local e mataram sete pessoas, incluindo um pai e sua filha, de 12 anos. O caso dilacera o coração de qualquer um e nos faz questionar: Quanto vale uma vida? Um celular? Um jogo perdido? Um carro? Uma carteira? Inocentes foram mortos. Pessoas que estavam apenas no lugar e na hora errada foram arrancadas de suas famílias por um simples motivo: o ódio. São situações como essas que tiram a esperança de a humanidade evoluir, melhor dizendo, os brasileiros, ou ainda, acreditar que há chance de evolução. Sete vidas inocentes tiradas por causa do desamor.  Carmo da Mata, registrou na última semana, um latrocínio – roubo seguido de morte. Um fazendeiro foi assassinado em sua propriedade após gritar um funcionário depois que bandidos haviam entrado em sua caminhonete. Mais uma  vez: Quanto vale uma vida?

A grande verdade é que a sociedade se tornou refém do medo, da falta de segurança, educação de qualidade – que, sim, interfere diretamente na segurança pública –, do sucateamento das forças armadas, da carência de políticas públicas. A sociedade é refém do ódio. Você sai de casa e reza, pede a Deus todos os dias para não estar no lugar errado, na hora errada, pois pode ser tirado de forma abrupta daqueles que o amam, e tudo terminar em impunidade. Sim, pois se tem algo que fomenta ainda mais essa violência que assola o Brasil, é a impunidade. A falta de estrutura do sistema carcerário, as leis brandas, a mesma lei que prende é a que solta, e a morosidade do sistema judiciário brasileiro dão a certeza que o crime compensa. Infelizmente, é doloroso, mas no Brasil, o crime tem compensado. Uma vida não vale absolutamente nada. E, assim, a sociedade segue cega, cobrando apenas o que é desnecessário, se mantendo alienada e iludida. 

Uma menina de 12 anos foi tirada de seus pais, amigos e familiares por nada. Seus sonhos, suas risadas, suas brincadeiras, seu futuro foram interrompidos. De onde tirar esperanças que um dia esse país será melhor? Que será levado a sério? Será desenvolvido? De onde tirar essa certeza de uma sociedade unida em um só foco? Não dá. Os crimes no Mato Grosso e em outras regiões do Brasil, assim como muitos outros já entraram para a estatística. Os possíveis autores foram presos. Resolve? Traz consolo para as famílias? Vão ficar presos? E o povo brasileiro? Segue inerte, refém. Se contentando com pouco, sem imaginar, sem cobrar o que realmente é necessário. O que resta é desejar apenas que você esteja no lugar certo, na hora certa sempre, porque se acontecer o contrário, amanhã você poderá ser apenas mais uma estatística.

 

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