Mais jovem

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Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, a cada dois minutos morre uma pessoa devido a uma enfermidade cardiovascular. A incidência entre o público mais jovem vem aumentando consideravelmente. Estilo de vida, sedentarismo, tabagismo, estresse, hipertensão arterial e diabetes formam o pacote dos principais fatores causadores da doença. Um adolescente de 15 anos foi internado no Hospital Municipal de Morrinhos, no mês passado, após sofrer um infarto e ser encontrado sem pulso, na escola. Os dados assustam, pois poucas pessoas sabem reconhecer os sintomas de um infarto – cerca de 2% dos brasileiros. Especialistas alertam: as consequências de um ataque cardíaco sem sintomas podem ser tão ruins quanto as de um ataque facilmente reconhecido. Dentre as medidas de prevenção que devem ser adotadas para evitar um ataque cardíaco estão: praticar atividade física, dar mais atenção às suas necessidades pessoais, evitar o estresse no trabalho, alimentar-se com calma, manter os índices de colesterol e a pressão arterial sob controle, abandonar hábitos prejudiciais, como excesso de bebidas alcoólicas e cigarro.

A verdade é que tudo isso é lindo e maravilhoso nos artigos médicos, no papel e nas propagandas. Afinal, todos estão cansados de saber que manter uma rotina, um estilo de vida saudável é privilégio apenas para aqueles que têm condições financeiras para isso. É fato que para se ter uma “vida saudável” é preciso ter minimamente uma rotina comprometida. Levantar cedo, fazer exercícios físicos, comer frutas, legumes e verduras, ter uma dieta balanceada, manter os exames médicos em dia e evitar o estresse no trabalho. Em outras palavras, “um conto de fadas perfeito” para quem tem condições de arcar com tudo isso. Dois relatórios publicados pela FAO (agência da ONU para agricultura e alimentação), em novembro do ano passado, mostram que quase um quarto da população brasileira tem dificuldades para manter uma dieta saudável, com os nutrientes suficientes e balanceados. Uma parcela que aumentou durante a pandemia de coronavírus. Além disso, 4% não consomem calorias em quantidade suficiente no país. O dado, além de estarrecedor, mostra a total incoerência, pois são quase 50 milhões de brasileiros que comem menos ou pior do que deveriam, num país que é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.

É como dizem por aí: são os dois lados da mesma moeda. De um lado, o Ministério da Saúde mostra o dado alarmante do aumento considerável de infarto em jovens. Do outro, contrariando tudo aquilo que preconiza para prevenir a doença, o país tem uma realidade completamente diferente: pessoas com vários empregos para sobreviver, vivendo no limite do estresse, sem acesso à alimentação saudável, enfrentando diariamente a insegurança alimentar, uma pandemia, sem acesso à saúde pública, o “pacote” perfeito para fazer com que mais e mais jovens sejam hoje, ou amanhã, ou depois de amanhã, apenas mais uma estatística do governo. Sim! Nossos jovens morrem todos os dias, por falta de políticas públicas que lhes deem o direito à vida!

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