Mais de 10 mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza na cidade

Dados são do Ministério da Cidadania; renda per capita é de até R$ 89 e aumento em relação a 2020 é de 35%

 

Da Redação 

Viver com uma renda per capita de até R$ 89 pode parecer impossível para uns, mas é a realidade de 10.418 pessoas em Divinópolis. O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado ontem, mostrou que  33,1 milhões de pessoas passam fome no País, e a situação atinge também Divinópolis. 

De acordo com dados do Ministério da Cidadania, até abril deste ano, 46.256 pessoas estavam cadastradas no CadÚnico, e dessas, 10.418 vivem em situação de extrema pobreza; 8.519 em situação de pobreza; 18.277 são de baixa renda; e 9.042 têm renda per capita de mensal acima de meio salário mínimo. Os números são alarmantes e mostram o retrocesso na cidade nos últimos anos. Em setembro de 2020, estavam cadastradas no CadÚnico 34.234 pessoas - os dados mostram, assim, um aumento de 35%. 

Ainda segundo os números do Ministério da Cidadania, se transformadas em famílias, ao todo são 19.121 cadastradas no CadÚnico, sendo 4.549 vivendo em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda per capita de até R$ 89. Até setembro de 2020, 13.281 famílias estavam cadastradas e viviam em algum tipo de situação de pobreza ou baixa renda. Os dados mostram um aumento de 43%. 

 

Faixa etária 

Conforme o levantamento do Ministério da Cidadania, as 46.256 pessoas cadastradas no CadÚnico, e que estão incluídas em algum cenário de pobreza, são divididas em faixa etária, sendo a maioria crianças e adolescentes, entre 7 e 15 anos. Em segundo lugar estão os idosos acima de 65 anos, e em terceiro adultos de 25 a 34 anos. Basta andar nos bairros periféricos de Divinópolis ou nas ruas da cidade para encontrá-los. 

 

Insegurança alimentar 

Segundo o Inquérito Nacional, em menos de um ano, 14 milhões de pessoas entraram em situação de vulnerabilidade alimentar no país, o que significa que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. O que representa um retrocesso de 30 anos. Ainda de acordo com especialistas, a continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora no cenário econômico, o acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da covid-19 tornaram o quadro ainda mais perverso. 

— Temos desigualdades históricas do país que nunca foram resolvidas: rural e urbana, homem e mulher, brancos e negros. E essas desigualdades se reproduzem na questão da fome — afirma a médica epidemiologista e pesquisadora da Rede Penssam, Ana Maria Segall.  

Ainda de acordo com o Inquérito, em casas com renda superior a um salário mínimo por pessoa, a fome quase desaparece.

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