Justiça nega habeas corpus a acusados de ameaçar assessor

Três pedidos foram reprovados pelo TRF; quatro estão detidos

 

 

Bruno Bueno

 

A Justiça Federal negou nesta semana o pedido de habeas corpus para três dos quatro homens presos em operação deflagrada na Prefeitura de Divinópolis pela Polícia Federal (PF).

Os suspeitos são acusados de extorquir o assessor especial do prefeito, Fernando Henrique Costa, e exigir parte da verba federal enviada pelo Ministério da Cultura a Divinópolis.

 

O pedido

 

A decisão da 1ª Turma Criminal do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) foi unânime. Três dos quatro membros da suposta quadrilha solicitaram, por meio de seus advogados, o pedido alegando proteção da liberdade de locomoção, que estaria ameaçada ou restringida de forma direta ou indireta.

Com a negativa, os quatro suspeitos continuam presos preventivamente no presídio Floramar.   Aldo Nonato Villa Franca, Douglas Montenegro e Sandro Barbosa tiveram o pedido negado.  Já Agnobaldo Assis aguarda a análise do documento.

 

Relembre

 

Em entrevista exclusiva do Agora no mês passado,  o assessor especial relatou que os suspeitos cobravam o repasse de 30% do valor de um edital da Lei Paulo Gustavo. Os recursos chegaram ao Município, mas os quatro homens não receberam a quantia. 

De acordo com Costa, a proposta chegou em março do ano passado. 

— O prefeito recebeu uma mensagem de uma pessoa falando que queria destinar uma verba para a Cultura. Ele passou o contato do secretário, porque ninguém recusa verba. A pessoa disse que precisava de um ofício assinado para enviar ao Ministério — relatou. 

A situação foi repassada ao prefeito Gleidson Azevedo (Novo), que fez a denúncia na Polícia Federal.

— A gente chegou a encontrar com essa pessoa e ele explicou como funcionava o esquema, exigindo o repasse de 30% para o grupo que conseguisse a verba. Inclusive, ele me ofereceu 5% — afirma o assessor especial. 

Um dos membros da quadrilha manteve contato e insistia que a verba iria chegar.  

— No mês de agosto, o dinheiro caiu. Eu falei para ele que o recurso já ia ser destinado para a Prefeitura de toda forma. Não tinha necessidade do ofício. Ele começou a fazer propostas de como eles iriam retirar esses 30% — salienta.

 

Ameaças

 

Os meses passaram sem alteração no caso. No dia 16 de janeiro, Fernando recebeu uma mensagem anônima de uma pessoa que queria marcar um encontro. 

— Depois de desmarcar várias vezes, ele foi até a Prefeitura na última terça-feira. Ele entrou na minha sala junto do Douglas e de outras duas pessoas. Eu falei para ir à sala de reuniões — afirma.

Um dos quatro membros disse que era servidor do Tribunal de Justiça de São Paulo, lotado em Brasília, e responsável pela verba. 

— Meu papo com você é reto, eu vim buscar o dinheiro. Você “pilantrou” a gente. Pegou o dinheiro sozinho e agora eu quero minha parte — teria dito um dos membros da quadrilha, conforme relato de Fernando Henrique. 

 

Extorsão 

 

As ameaças continuaram.

— O outro que estava de boné falou que era do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tinha vindo do morro, que se dependesse dele já tinha me matado. Disseram para eu buscar o dinheiro com o senador ou o prefeito. Na cabeça deles eu estava fazendo parte do esquema — acrescenta. 

 Os membros conseguiram informações privilegiadas da vida do assessor.

— Eles falaram que sabiam da minha rotina, onde que eu estava no dia anterior, onde que eu morava, que se eu não mandasse o dinheiro eles iriam me pegar. Um disse que iria cancelar meu CPF — frisa.

 

Prisão

 

O assessor fez contato com a Polícia Federal, que já estava monitorando a situação. 

Depois das novas ameaças, os suspeitos disseram que voltariam para pegar o dinheiro. Antes de sair do Centro Administrativo, eles foram detidos pelas autoridades. 

Fernando relatou que está com medo de novas ameaças.

— Eu estou em uma situação complicada. Mudei minha rotina. Eu saí da Prefeitura escoltado, vim para cá escoltado. Fazia academia de manhã, não posso mais. Tomando banho eu deixo meu box aberto. Estou com medo, mas quando a gente tem um propósito, acho que vale a pena — explicou.

 

 

 

 

 

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