Irmãos detalham pagamento em dinheiro para aprovação de projeto

Comissão deve enviar perguntas para Gleidson nesta semana

 

 

Ígor Borges

Uma nova sessão de depoimentos da Comissão Processante que analisa o pedido de cassação contra os vereadores Eduardo Print Júnior (PSDB) e Rodrigo Kaboja (PSD) foi realizada na tarde de ontem, na Câmara. Os vereadores foram afastados após apurações originadas da operação “Gola Alva”, deflagrada pelo Ministério Público (MP).

Ambos são acusados de terem recebido propina para aprovar projetos de zoneamento na cidade. Duas testemunhas eram irmãos e afirmaram ter pago R$ 25 mil cada um, para aprovação dos projetos. Um deles comenta que deixou o dinheiro com funcionários do posto de Print Júnior. 

Quatro pessoas foram ouvidas pelos membros da comissão na 3ª oitiva. Outras duas estão marcadas para os dias 9 e 16 deste mês. 

Depoimentos

A testemunha Waldinei Alves Arantes confirmou que procurou Rodrigo Kaboja para aprovação do projeto de zoneamento. Ele teria deixado R$ 25 mil para ele, enquanto seu irmão (Walmir Alves Arantes) teria deixado outros R$ 25 mil em um posto de Print, a pedido de Kaboja.

— Quando o projeto foi aprovado, eu trouxe minha parte e falei para o meu irmão trazer a dele. Esse dinheiro foi pago no dia da votação. Claro que o dinheiro era em espécie, ninguém é bobo de aceitar um cheque aqui não — comentou a testemunha. 

A outra testemunha, Walmir, confirmou as falas de seu irmão e disse que deixou o dinheiro com uma funcionária do posto. Ele ainda fala sobre um novo valor de R$ 5 mil, pago à Kaboja. 

As testemunhas João Paulo Gomes e Nicácio Diegues Júnior também prestaram depoimentos na tarde ontem. 

Depoimento de Gleidson

Após a Câmara aceitar a solicitação de que o depoimento do prefeito e denunciante, Gleidson Azevedo (Novo) fosse feito por escrito, a Comissão Processante tem um prazo para enviar as perguntas. 

De acordo com a assessoria do presidente da comissão, Ney Burguer (PSB), as perguntas serão feitas ainda nesta semana.

— A comissão enviou ofício aos denunciados, solicitando que encaminhem as perguntas que desejam fazer ao prefeito. Os vereadores da comissão têm esse mesmo prazo para apresentarem seus questionamentos. Após receber o material iremos enviar requerimento ao prefeito municipal com todas as perguntas e o mesmo terá 3 dias para responder — relatou. 

Edsom Sousa

O membro da Comissão Processante, Edsom Sousa (CIdadania), foi o único contra o pedido de depoimento por escrito do prefeito. Ao Agora, ele justificou as razões para ter votado de forma contrária. 

— Como que o prefeito faz a denúncia, a torna pública e para ser ouvido quer que as perguntas sejam feitas para ele pensar, sem pressão? [...] Eu votei contra porque pessoalmente a questão é muito mais dinâmica — relatou.

Primeiros depoimentos

A sessão de oitivas começou na última quarta-feira. Cinco empresários compareceram à Câmara. Três deles confirmaram ter repassado dinheiro a Kaboja para aprovar projetos de alteração de zoneamento.

Dois afirmaram não ter passado qualquer valor para o parlamentar. Um deles disse que o vereador pediu R$ 2 mil para ajudar em um calçamento em Santo Antônio dos Campos, Ermida, onde ele mora. Ele classificou o pedido como “legítimo”. O dinheiro não chegou a ser transferido. 

O outro é proprietário de uma lotérica e teria recebido um pix de Kaboja. O empresário negou que a empresa tenha sido usada para lavagem de dinheiro e disse que o vereador tinha o hábito de transferir quantias para a conta da empresa para pagamento de contas e jogos.

Acusado do mesmo crime, Print Júnior não foi citado pelos empresários.

o advogado de defesa de Kaboja, Daniel Cortez rebateu as acusações. 

— Basta uma simples análise que vão ver que não há nada que comprove que o Kaboja recebeu o dinheiro. É como um homicídio sem corpo. Não há provas. (...) Estou há um ano no processo e ainda não vi nada (...) — disse. 

Para ele, os denunciantes agiram de forma apressada. 

— (...) No processo criminal que envolve Kaboja e Print, sequer foi recebida a denúncia feita pelo Ministério Público. (...) — O Judiciário ainda não fez uma análise robusta. (...) Eu posso conseguir a absolvição criminal do Kaboja e ele pode ser cassado pela Câmara. Um vereador que foi eleito pelo voto popular — afirmou.

Comissão

Ney Burguer, que preside a CP, disse que os trabalhos não pararam desde o princípio da denúncia.

— Estávamos analisando a defesa dos denunciados. As oitivas começaram bem. É muito importante para a gente apurar todos os fatos. Eu fui muito claro com os membros da Comissão: nós temos que ser sucintos. Ouvir e ser justos — esclarece. 

O vereador garante que a Comissão vai lidar com discernimento e cuidado durante o processo.

— Uma vírgula diferente da realidade já se torna um problema. Estamos preparados. Hora nenhuma essa Comissão parou. Se Deus quiser, apresentaremos o relatório em 90 dias —  salienta. 

Próximas oitivas

Quatro pessoas depõem amanhã,9: Ana Paula de Oliveira Freitas (8h), Hilton de Aguiar (8h45), Josafá Anderson (9h30) e Israel Mendonça (10h15), Newton Flávio Oliveira Marra (11h) e Rodyson Kristnamurti da Silva Oliveira (11h45). 

— As listas de testemunhas foram apresentadas pelos vereadores e pelos denunciantes. A ordem estabelecida é definida pela legislação que indica que primeiro são ouvidas as testemunhas da acusação e, depois, na sequência, as testemunhas da defesa — relata a Câmara em nota.

Por fim, a última oitiva ouvirá Adalberto Rodrigues Souza (14h), Lucrécia Gontijo de Almeida Corrêa (14h45) e Sílvia Madureira (15h30). 

 

 

Comentários