Inverno

JOÃO CARLOS RAMOS 

Inverno 

A palavra inverno se origina do latim hibernum, que designa tempo frio, chuvoso e obviamente invernal. No hemisfério Sul, a referida estação ocorre entre 21 de junho e 23 de setembro. Excetuando a primavera, indubitavelmente, ela é a mais poética das quatro estações. As folhas secas caem para cumprir a nobre missão de fecundar a terra. Os animais se entristecem, sabendo que a escassez de alimentos deve ser enfrentada com a criatividade, que possui o próprio instinto animal.

As árvores ficam aparentemente feias, porém, aguardando da mãe Terra a recompensa das futuras chuvas que resultarão na ressurreição de suas belezas mil. Os pássaros aproveitam a oportunidade para o aconchego familiar, pois a cruel luta pela sobrevivência os separa periodicamente. O sol se intimida, sabendo que a natureza lhe concedeu, bem como a todas as criaturas, o dom inefável do silêncio criativo que se faz mister. Entre nós, os humanos, não é diferente: precisamos das "lições do inverno". A neve cai em nossos cabelos quando a idade chega e, forçosamente, temos que amadurecer nossas ideias, anseios e visões de um mundo que precisamos, muito acima do que nós queremos e lutamos.

O poema LIÇÕES DE INVERNO, que se segue, traz com uma visão transfigurada o retrato do inverno, que tanto precisamos entender e amar:

 LIÇÕES DE INVERNO

 

O amor precisa

do frio, para aquecer

nosso coração, na rota inverossímil da vida.

A prodigalidade natural,

em gestação sentida,

nos aguarda, na esquina paradoxal...

Se distancia o mal

e amamos sem fronteiras e cobranças.

O entrelaçar dos corpos

retrata nosso dever de ser UNO E INDIVISÍVEL.

Torna-se distante, o impossível...

Beijos ardentes em alto mar de si mesmo.

Abraços, envoltos em ternura indescritível.

A cena, em silêncio.

jura a eternidade, nos instantes.

Venha logo, óh inverno dos amantes!

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