Indignação aumenta e mobilização cresce no país

Transportadores de combustíveis e derivados de petróleo seguem rumo à greve geral

Da Redação

A indignação entre os transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo, diante da falta de medidas concretas dos governos federal e estaduais para reduzir os preços dos combustíveis, tem aumentado a mobilização rumo à realização de uma greve geral da categoria. O movimento, que já tinha tomado conta do Sudeste, agora já avança por estados do Centro-Oeste e Nordeste, além do Distrito Federal. 

— A greve será a resposta do setor ao silêncio e falta de ação dos governantes, que têm feito vistas grossas às reivindicações dos transportadores e ignorado as dificuldades que a população brasileira vêm enfrentando por conta dos altos preços dos combustíveis — afirma o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes.

 

Mobilização

Ele lembra que, em janeiro, os transportadores suspenderam a greve, que estava prestes a ser deflagrada, dando mais uma oportunidade para que os governos pudessem adotar as devidas providências. Mas, após reuniões com o governo federal, sem qualquer avanço, e nenhum retorno dos governos estaduais, a categoria decidiu intensificar a mobilização e já se prepara para cruzar os braços. 

— É importante que os governos tenham consciência e responsabilidade. Essa luta não é só dos tanqueiros, mas também diz respeito diretamente a toda a população, que tem sido sacrificada com os valores absurdos pagos pelos combustíveis. Depois, não adianta reclamar que não sabiam da nossa luta e que ela não é legítima — ressalta Irani. 

 

Adiamento

Para o dirigente, a ameaça feita recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), de que pretende processar  governadores estaduais por conta da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, não passa de retórica.

Já os projetos que deveriam ter ido à votação no Senado, nesta quarta-feira, 16, mas que foram adiados para a próxima semana, com o objetivo de reduzir os preços dos combustíveis no país, "não deverão servir para nada", avalia.  

—  Esse tipo de discurso e projetos feitos a toque de caixa, sem consulta ao setor, não resultam em nenhum avanço para amenizar a situação de penúria em que os transportadores brasileiros se encontram. O que precisamos é de medidas emergenciais e concretas — disse.

Ele lembra que, em encontro com Bolsonaro, no dia 4 de agosto de 2021, em Brasília, o presidente adiantou que tinha a intenção de zerar os impostos federais que incidem sobre o preço do óleo diesel, a partir de janeiro deste ano. 

Mas o fato é que o governo federal e governos estaduais pouco fizeram para reduzir os preços dos combustíveis.  

— Há anos, os transportadores brasileiros e a população em geral vêm sofrendo com os altos preços dos combustíveis. No caso dos transportadores, cujo diesel corresponde a cerca de 70% dos custos do frete, a situação se tornou insustentável. Chegamos ao fundo do poço — critica o presidente do Sindtanque-MG.

Para ele, a solução da questão passa pela extinção da Paridade de Preço de Importação (PPI), adotada pela Petrobras, em 2016, no governo de Michel Temer. 

— É preciso voltar ao que era antes de 2016, pois o mercado brasileiro não tem capacidade de suportar a precificação baseada no dólar — avalia.

 

Extinção da PPI

Além disso, na sua opinião, o governo federal, que é dono de cerca de 30% da Petrobras, deveria decretar calamidade econômica no setor de combustíveis, devido aos altos custos do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional. E, diante disso, transformar sua parte na Petrobras em um fundo para achatar a curva do aumento dos combustíveis.

Irani defende, ainda, a redução do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do diesel em Minas, dos atuais 14% para ao menos 12%, percentual que vigorava até dezembro de 2010.

 

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