Geração de gente chata

PARA DIA 20 DE JANEIRO DE 2022 

Augusto Fidelis

 

Geração de gente chata

Tão logo cessaram as chuvas e o sol nos emprestou o seu brilho, Daniel Boaventura adentrou ao mercadinho de frutas do seu amigo de longa data, Leonardo Bonfim, e o saudou efusivamente, acrescentando:

— Caramba, que calor é esse, Leonardo, já estou com saudade da chuva!

Um senhora que fazia compras justamente naquela hora e naquele local, sem conhecer o recém-chegado, “trepou nas tamancas”, como diriam os antigos:

— Está com saudade da chuva é porque você não tem roupa para lavar, sua casa não está mofada, não viu o desespero das pessoas tirando suas coisas de dentro de casa por causa da enchente. Devia ter mais o que fazer!

— Perdão, minha senhora, eu estou apenas brincando!

— E isso é brincadeira? Devia prestar mais atenção no que fala, para não ficar dizendo besteira por aí!

As pessoas que não concordavam com a atitude da referida senhora simplesmente balançavam a cabeça negativamente. Mas houve quem concordasse com ela. Outra mulher, mais jovem, logo deu o seu palpite:

— Brincadeira sem graça! Eu é que sei das dificuldades que tive nesse tempo que o sol não deu a cara.

Todo constrangido, Daniel se despediu imediatamente do amigo, com ironia:

— Tchau, Leonardo, vou-me embora, pois, segundo as previsões, vai cair água e não demora. Dizem que vai chover um mês direto.

As duas mulheres continuaram as suas escolhas nas bancas e praguejam o Daniel pelo mau agouro.

As redes sociais são a prova cabal de que as pessoas estão mais chatas na atualidade. Cada grupo de WhatsApp tem pelo menos que se arvora em ser o ombudsman, mas sem a finalidade correta, a de melhorar o grupo. O que deseja mesmo é ser o dono da verdade e manipular os demais. E esse tipo de gente, quanto contestada, jamais admite a imbecilidade. Ao contrário, parte para o ataque e quer ganhar no grito. Acusa os outros justamente daquilo que fazem, no sentido de confundir os incautos.

Este ano de 2022 promete grandes confrontos, principalmente devido à intolerância desses ombudsmans. Muitos falam pelos cotovelos e os outros não estão dispostos a levar desaforos para casa. A política vai exercer um papel crucial nos eventos que hão de vir, com mentiras sobre mentiras. Se o resultado final é satisfatório, os meios obscuros são admissíveis. 

Há quem estoque gasolina com a inocente intenção de pagar as labaredas tão logo pululem daqui e dacolá. A esperança é que nada é para sempre, embora, até que passem, muito estrago pode ser feito. Mas nada é para sempre, então, ainda que tardia essa gente vai se perder, será toda dispersada!

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