Gasolina, diesel e gás de cozinha estão mais caros
Cobrança das novas alíquotas de ICMS refletem nos preços a partir de hoje; sindicato diz aumento vai pesar
Jorge Guimarães
Como já esperado, a partir de hoje, a gasolina, diesel e gás de cozinha ficam mais caros em decorrência do reajuste das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que subiu de 18% para 20%. Aumento aprovado em outubro de 2023 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
Assim, o ICMS sobre o preço da gasolina sobe de R$ 1,22 para R$ 1,37, aumento de R$ 0,15 por litro. No diesel sobe de R$ 0,94 para R$ 1,06, com alta de R$ 0,12, por litro, levando o preço do diesel S-10 a ultrapassar a casa dos R$ 6 por litro. Já no gás de cozinha, botijão de 13k, o aumento será de R$ 0,16 em relação ao preço praticado nos dias de hoje.
Preços
Em Divinópolis, no último levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado na semana entre os dias 21 a 27 deste mês, o preço médio da gasolina aditivada estava em R$ 5,87, o mais baixo encontrado foi de R$ 5,79, e o mais alto, R$ 5,99. A gasolina comum teve como preço médio o valor de R$ 5,38, o menor, R$ 5,09 e o mais caro, R$ 5,79. Já no gás de cozinha, botijão de 13k, o preço médio encontrado foi de R$ 97,08, o mais em conta, R$ 89,99 e o mais caro, R$ 120. Lembrando que no caso do gás de cozinha, existe a diferença de preços entre a retirada no local ou a entrega em casa que é sempre mais cara.
— Estes aumentos já eram previstos desde o ano passado. Com mais essa alta tributária, o que vale agora é a tradicional pesquisa de preços sem se perder na qualidade do produto. E para quem tem carro flex, nas atuais cotações de preços comercializados na cidade, abastecer com etanol é a melhor opção — avalia o economista, Leandro Maia.
Vale lembrar que o mercado de combustíveis é livre, tanto no varejo como na distribuição, assim a pesquisa é o mais indicado, conforme especialistas.
— Devemos prosseguir com preços atuais até recebermos novas remessas de combustíveis e, mesmo assim, temos que esperar um OK da distribuidora para ver qual estratégia de venda será adotada. O mercado de combustíveis é livre e a concorrência é muito forte — destacou o gerente de uma revenda, Fabricio Alexandre Fontes.
Já para o advogado Geraldo Medeiros, a opção vai ser abastecer com o etanol, pois o carro é flex.
— Agora com a regulamentação do ICMS, a tendência é que os preços voltem a subir rapidamente nas bombas, prática muito comum na cidade. Ainda bem que meu carro é flex e tenho a opção do etanol — disse o advogado.
Na área de alimentação, a preocupação também é grande pois além dos aumentos de vários itens, como feijão e arroz, agora é a vez do gás de cozinha atingir o bolso do empresariado do setor.
—Eu sabendo do aumento me antecipei e abasteci todo o meu estoque de botijões. Como mantenho a fidelidade há anos com o mesmo fornecedor fica mais fácil a negociação na hora de uma compra extra — revelou o gerente de estabelecimento de alimentação na cidade, Paulo Santos.
A reportagem também ouviu uma revenda de gás. Lá, os preços só serão alterados após o recebimento de novos pedidos.
— Este aumento já era anunciado e esperado por todos nós do ramo. Mas em relação ao comércio dos botijões, só vamos alterar os preços quando houver o recebimento de nova remessa e em comum acordo com a distribuidora — disse Cleusa Aparecida da Silva.
Sindicato
Para o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais ( Sindtanque), Irani Gomes, o aumento, mesmo que esperado, vai apertar ainda mais muitos profissionais. Conforme ele, cada caminhão que roda nas estradas mal conservadas, é como uma empresa em questão de gastos, devido ao grande volume de impostos, taxas e insumos que tem que pagar.
— Além dos combustíveis, temos custos com lubrificantes, tributos, pneus, peças, mecânicos e outros. Os governos têm que reduzir seus impostos e a Petrobras seus lucros, se não a classe não vai aguentar. É uma situação muito complicada, ainda mais com a má conservação de nossas estradas, que gera mais gastos para os profissionais do volante — pontuou o presidente.
Campanha
O Sindtanque-MG acaba de lançar uma campanha pela melhoria das estradas e rodovias no estado. O slogan é “Salvem as Estradas de Minas Gerais”. O objetivo é identificar rodovias com trechos em más condições, pavimentações precárias, falta de muretas de proteção, entre outros problemas, denunciar a situação e cobrar providências dos governos, sejam eles municipal, estadual e federal.
O presidente do sindicato, Irani Gomes, percorreu nas últimas semanas, diversas estradas em Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal.
— Não foi difícil constatar que Minas possui algumas das piores do Brasil. Mesmo nas estradas pedagiadas, o que encontramos foram pistas esburacadas, mal sinalizadas, com vegetação na beira do asfalto, sem guard rails e acostamento — exemplificou.
Outros estados
Ainda Segundo Irani Gomes, nas estradas de outros estados que fazem divisa com Minas Gerais percorridas por ele, como as rodovias Dutra, no Rio; D. Pedro I, em São Paulo; 262, no Espírito Santo; e a 060, em Goiás; a situação é bem melhor.
— É um absurdo a situação das estradas em Minas. E o pior é que aqui o governo antecipou a cobrança do IPVA, mas a gente não vê o dinheiro sendo aplicado na melhoria da malha viária do estado — critica.
O dirigente sindical disse também que a precariedade das estradas no Estado tem prejudicado os transportadores, que acabam arcando com enormes custos com a manutenção dos veículos, maiores gastos com combustível e atrasos nas viagens. Ele também lamenta que esse descaso dos governantes, frequentemente, tem resultado em graves acidentes, muitos deles fatais.
— A grave situação das estradas em Minas Gerais só vai mudar quando a população, que paga altas taxas e impostos, unir suas forças com organizações da sociedade civil e cobrar das autoridades a imediata melhoria das estradas.