Ganhou, mas não levou

Ganhou, mas não levou

Após mais de 30 dias de paralisação – a luta é anterior e superior a esse período –, os servidores da Educação, Segurança Pública e Saúde conseguiram o reajuste salarial solicitado. Os deputados estaduais derrubaram, pelo placar de 55 votos a 3, o veto do governador Romeu Zema (Novo). A conquista, no entanto, pode se prolongar ainda mais. Não tardou o veto ser derrubado, o governo de Minas se manifestou. Em nota, alega prezar pela "responsabilidade fiscal e a legalidade" e, por isso, acionará a Justiça contra os reajustes superiores ao percentual de 10,06%. O argumento é de aumento considerável da folha salarial sem determinação da origem do recurso. A derrubada do veto foi classificada como "irresponsabilidade", por ter o potencial de comprometer as finanças do governo estadual e, como consequência, prejudicar ou mesmo paralisar a prestação de serviços públicos, como o pagamento em dia dos servidores. 

Todo ano o mesmo ano

Pelas redes sociais, Zema também criticou a decisão dos deputados e rotulou o reajuste proposto pelas categorias como "mentira eleitoreira": "Quem vai assinar o cheque de R$ 9 bilhões pra pagar a conta?". Com isso, a questão será remetida à Justiça e sem previsão de uma solução definitiva. Novamente, o governador se mostra irredutível e falha em dialogar com as categorias. O que impressiona é como um assunto tão básico, o direito a um reajuste salarial, precisa mobilizar todas as categorias de tempos em tempos. As administrações estaduais seguem sendo omissas à concessão não de um privilégio, mas um reajuste salarial digno aos profissionais, inclusive com o não cumprimento do piso salarial, determinado pela legislação federal. Especialmente num momento de fragilidade econômica, em que a compra do mês é reduzida à compra da semana, o preço da gasolina e dos alimentos básicos comprometem o orçamento familiar, a luta pelo reajuste, de adequação da remuneração à realidade, se torna ainda mais necessária. No caso da Educação e da Saúde, por exemplo, os profissionais de ambas as áreas precisaram, cada qual a seu modo, se adequar, nos últimos dois anos, à pandemia. Infelizmente, a valorização do servidor só era lembrada em ano eleitoral. Agora, nem mesmo neste período…

Enquanto isso…

Na política local, o feriado deve conter os ânimos dos vereadores, mas alguns parlamentares saíram insatisfeitos com o rumo da admissibilidade da denúncia contra Diego Espino (PSC). Ele, inclusive, disse reiteradas vezes ser vítima de perseguição política por seu modo de atuação. Em uma live na noite de terça-feira, horas depois de a Câmara aceitar a denúncia, Espino prometeu que, em breve, vai expor os motivos pelos quais o tentam tirar do cargo de vereador. Acusado e denunciante (Flávio Marra, do partido Patriota) já se estranharam outras vezes, anteriores ao pedido de cassação. Agora, ambos são pré-candidatos a deputado federal e a derrota, para qualquer dos lados, pode desgastar um e outro – talvez até os dois. Até outubro, a história ainda deve ter novos desdobramentos. O comentário do presidente da Casa, Eduardo Print Jr. (PSDB), voto decisivo para o placar de 9 a 8 em favor da abertura da investigação, vale a reflexão: quando se para os trabalhos legislativos para votar uma acusação contra um vereador é sinal de que algo está errado. 

 

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