Galileu Machado: o prefeito de quatro mandatos

Emedebista entrou para a vida pública aos 50 anos, hoje tem 87 e afirma ter disposição para disputar outro mandato

 

Pollyanna Martins 

Nascido em Divinópolis, Galileu Teixeira Machado iniciou sua vida pública em 1982, aos 50 anos. Na época, era vice-prefeito de Fábio Notini e assumiu o Executivo Municipal após a morte do prefeito. Sua posse, eternizada nas páginas do Jornal Agora, foi no dia 14 de abril de 1982. Galileu deixou a Prefeitura no dia 31 de janeiro de 1983, quando Aristides Salgado assumiu o Executivo Municipal. 

Em entrevista ao Agora, Galileu relembrou o primeiro mandato e disse que, naquela época, não deu “para fazer quase nada”, afinal, foram pouco mais de nove meses à frente do Município. Mas, segundo o ex-prefeito, foi nesse mandato que ele viu que poderia fazer algo pelo povo e decidiu então iniciar a sua carreira como protagonista na política divinopolitana. 

— Eu não era da política, fui vice do Fábio, mas, com o seu falecimento, eu tive que assumir. Naquele mandato, que foram pouco mais de nove meses, eu senti que eu poderia me candidatar, que eu faria um bom governo. Estar à frente da Prefeitura me incentivou, pois eu nunca tinha mexido com política, com candidato a vereador, nada, e foi nesse primeiro mandato que eu senti que poderia ser útil em quatro anos ― recorda. 

 

O melhor mandato

O emedebista retornou ao Executivo Municipal no dia 1º de janeiro de 1989, para o seu segundo mandato, e, segundo Galileu, foi essa foi a sua melhor gestão à frente da Prefeitura. De acordo com o ex-prefeito, foi nessa administração que ele entregou para a população seis pontes, 16 escolas municipais, 14 postos de saúde, além de inúmeras obras de asfaltamento na cidade. 

— O segundo mandato foi o melhor, foi o mandato que ficou na história, quando eu fiz as pontes, as escolas municipais, os postos de saúde. Nós asfaltamos a rua Goiás, do viaduto – da avenida 1º de Junho – até a antiga Siderúrgica Pains. O primeiro asfalto que a rua do Cobre recebeu ligando o hospital – Complexo de Saúde São João de Deus – até a avenida Magalhães Pinto foi feito no meu segundo mandato. Eu me lembro que chovia e nós cobrimos o asfalto com plástico para não deixar a chuva levá-lo embora— relembra. 

Cheio de memórias de seus primeiros mandatos, Galileu se enche de orgulho ao falar das 650 casas populares construídas pela Prefeitura e distribuídas gratuitamente para famílias de baixa renda de Divinópolis. As moradias foram feitas em seu terceiro mandato, quando o emedebista foi eleito com 51 mil votos, em 2001. 

— Nessa época nós fizemos 650 casas populares, que foram totalmente gratuitas. Lembro-me perfeitamente que foram os conjuntos habitacionais dos bairros Maria Helena, Del Rei, Paraíso, Ermida, Jardinópolis e Padre Herculano. Quando o ex-presidente Lula começou com o programa Fome Zero, nós já distribuímos 2.500 cestas básicas, no ginásio poliesportivo, para as famílias carentes cadastradas na Secretaria Municipal de Assistência Social ― relata. 

Galileu relembra ainda que foi nesse mandato que Divinópolis se tornou a 5ª melhor cidade para se viver em Minas Gerais, e a 25ª do Brasil. O ex-prefeito afirma que esse título veio graças ao trabalho realizado por prefeitos anteriores, aliados ao seu. 

— Esse título logicamente é um trabalho de outros prefeitos e do meu também, que veio no meu terceiro mandato. Eu sou um prefeito que gosta de fazer obra, de ir na zona rural, ver como estão as estradas. Se eu estou fazendo uma ponte, eu gosto de ver como está sendo feita aquela obra que é em prol do povo — reforça. 

 

O Galileu voltou

Foi com a Câmara Municipal lotada e o povo aos gritos de “Ô, ô, o Galileu voltou” que Galileu Teixeira Machado foi diplomado como prefeito eleito de Divinópolis no dia 16 de dezembro de 2016. 

O emedebista foi diplomado após uma longa batalha travada na Justiça. Na época, Galileu chegou a ter sua candidatura indeferida, em consequência da condenação "por infração ao art. 1º, inciso I, §1ºe §2º do Decreto-Lei nº. 201/67, a uma pena de dois anos e seis meses de reclusão, já transitada em julgado com relação ao candidato, todavia a execução de tal pena restou frustrada pela ocorrência da prescrição, pois entre o recebimento da denúncia (20/04/2007) e a publicação da sentença (18/01/2012) transcorreram mais de 4 anos", mas a condenação foi suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que possibilitou a diplomação e, logo após, a posse do ex-prefeito. 

Galileu retornou para o Executivo Municipal depois de ter ficado 12 anos afastado do poder e perder três eleições seguidas. Machado recebeu 58.443 votos e se tornou o candidato eleito com mais votos na história de Divinópolis. Em seu discurso na diplomação, Galileu prometeu retomar as melhorias na infraestrutura dos bairros periféricos da cidade. Mas não foi bem assim que tudo transcorreu. 

O ex-prefeito encontrou a Prefeitura com uma dívida de R$ 52 milhões, o que, segundo o Galileu, impossibilitou de fazer as melhorias nos bairros. Ainda de acordo com Galileu, os recursos eram suficientes apenas para pagar a folha de pagamento dos funcionários municipais. 

— Essas pontes feitas nos meus mandatos anteriores eram construídas com recurso próprio, as casas populares também. Essas obras não têm nenhum recurso do governo federal ou estadual, foram feitas com recurso da Prefeitura. Hoje, a folha do Município está em R$ 23 milhões, então o dinheiro vai todo pagar a folha, se o governo não mandar recurso extra para fazer uma obra, fica difícil — afirma. 

 

O que mudou

Conhecido por ser um prefeito avesso a ficar “atrás da mesa”, Galileu conta o que mudou dos três primeiros mandatos para o último. Segundo o emedebista, além da falta de recursos, o comportamento da população e a política local sofreram diversas mudanças. 

— Não tenho dúvidas que houve uma mudança no comportamento da população, vinda da política do governo federal. [A mudança] repercutiu aqui para nós, veio de cima para baixo. Eu enfrentei também uma oposição ferrenha. Tentaram de todo jeito um impeachment contra mim, mas impeachment de quê? Eu sabia que não tinha nada. Eles [vereadores] achavam que com um impeachment eles iam se enaltecer — analisa. 

 

Dinheiro em caixa

Galileu disputou e perdeu as últimas eleições. O emedebista concorreu, no pleito, com outros oito candidatos e ficou em sexto lugar, ao receber 4.674 votos. O ex-prefeito passou a administração para Gleidson Azevedo (PSC) e fala que um dos seus maiores pesares foi não ter tido tempo de fazer a ponte que ligaria os bairros Quinta das Palmeiras ao Realengo. 

— Fiquei frustrado de não ter ganhado esta eleição, pois a obra que estava na “ponta da agulha” era essa ponte. Nós fizemos um estudo na área urbana, do aeroporto até a BR-494. Eu tinha certeza que íamos fazer esta ponte, mas infelizmente perdemos a eleição e ficou para o atual prefeito fazer — conta. 

O ex-prefeito revela ainda que deixou R$ 12 milhões em caixa para a atual administração, além de R$ 4,2 milhões para serem investidos em iluminação pública, e as obras do PAC Saneamento já prontas para serem executadas.

— Eu peguei a Prefeitura com R$ 52 milhões em dívida, e deixei com R$ 12 milhões no cofre, e sem nenhum resto a pagar, a folha de pagamento de dezembro e o 13º quitados. O PAC Saneamento eu já deixei pronto também para essa gestão dar continuidade, depois de anos parado — revela. 

Quando questionado se pretende disputar as próximas eleições municipais, Galileu coloca nas mãos de Deus, mas afirma que disposição não falta. 

— Deus é que manda, se eu tiver saúde e condições de trabalhar, eu disputo, sim, porque disposição eu tenho, mas quem define é o partido. O que me motiva é o povo, sem sombra de dúvidas — conclui. 

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