Fora do story

Editorial - Fora do story

Não é de hoje que o Agora tem trazido em seus editoriais o comportamento no mínimo questionável dos vereadores de Divinópolis. Durante a campanha, as promessas feitas eram das mais diversas, mas foi depois da posse que o divinopolitano conheceu de verdade os 17 eleitos. Além de protagonizarem cenas lamentáveis no plenário da Câmara, os parlamentares mostram um total despreparo para exercer a função ao qual foram eleitos. Insultos e ataques fazem parte da rotina do legislativo. Resultado disso foi a primeira representação protocolada na Comissão de Ética. Após receber sucessivos ataques nas reuniões ordinárias e nas redes sociais de seu colega de parlamento Eduardo Azevedo (PSC), Lohanna França (CDN) protocolou, nesta semana, denúncia por quebra de decoro parlamentar contra o vereador. Essa foi a primeira representação feita nesta legislatura. 

Em pouco mais de oito meses de mandato, os vereadores somam, além de uma denúncia na Comissão de Ética, seguidos pedidos de sobrestamentos e vistas nos projetos de lei protocolados na Casa. A situação chegou ao extremo, e até o presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), pediu aos colegas que se atentem às propostas que chegam ao Poder Legislativo para serem votadas. Só o projeto de lei que prevê a reforma administrativa do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Divinópolis (Diviprev) já foi adiado quatro vezes por causa dos sucessivos pedidos de vistas feitos pelos parlamentares. A proposta, protocolada em abril, segue parada aguardando votação na Câmara após ser prejudicada pela inclusão de emenda. A situação levou o superintendente do Instituto, Aguinaldo Lage, a alertar os vereadores sobre os possíveis danos que esses adiamentos poderiam trazer aos servidores municipais. 

A grande questão disso tudo é: falta interesse? Falta comunicação? O que mais chama a atenção nisso tudo é que este comportamento não é exclusivo desta legislatura. Em junho de 2015, os vereadores aprovaram o Plano Decenal da Educação, mas aprovaram a proposta sem ler, o que, logicamente, rendeu uma “novela mexicana” na cidade. O plano trazia questões da ideologia de gênero, o que aparentemente passou despercebido pelos parlamentares e, após muita pressão de movimentos religiosos da cidade para que os oitos parágrafos fossem retirados do projeto – já aprovado –, os parlamentares tiveram que “pedir penico” para o então prefeito de Divinópolis, Vladimir Azevedo (PSDB). Após aprovarem a proposta sem a devida interpretação, os vereadores tiveram que pedir ao prefeito que antes de sancionar a proposta vetasse os parágrafos que tratavam da identidade de gênero. 

Vladimir vetou o conteúdo, os parlamentares mantiveram o veto e o Plano Decenal da Educação foi sancionado. Tal situação parece não estar longe de se repetir na cidade, diante dos seguidos pedidos de sobrestamentos e vistas feitos pelos vereadores. A sensação que se tem é que eles estão brincando de verear, estão brincando de legislar e que não entenderam ainda o que de fato um vereador faz e a sua responsabilidade. A sensação que se tem é que eles não sabem muito o que fazer fora do story.

 

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