Foi tudo perdido?

Foi tudo perdido?

O Brasil bateu ontem a marca de 618 mil mortes causadas pela covid-19. Em Minas Gerais, a soma é pouco mais de 56.568 e, em Divinópolis, a quantidade ultrapassa 660. Hoje, próximo de completar dois anos do início da pandemia, o que se vê é que homens, mulheres, crianças, jovens, adolescentes, pais, mães, irmãos, primos, amigos, tios, filhos viraram apenas uma triste estatística. É difícil, mas essa é a mais pura e cruel realidade. Em janeiro deste ano, a imprensa noticiava o agravamento da pandemia no país, o aumento assustador de casos confirmados e mortes causadas pelo vírus. De mês em mês, os recordes eram batidos. Sair de casa dava medo, mas ficar também era assustador. Morrer por contaminação ou de fome? Essas eram as escolhas que o brasileiro tinha. Sem um plano de enfrentamento bem elaborado pelos governos, muitos tiveram que se arriscar. Outros foram imprudentes. E, assim, com este cenário caótico, a covid-19 foi ganhando espaço no Brasil. 

Ao olhar para trás, a sensação que se tem é que tudo isso foi há muito, muito tempo. Nem parece que se passaram dez meses que as notícias e as previsões eram as piores e mais assustadoras possíveis. A vacinação começava, porém, de forma tumultuada, com atrasos, informações desencontradas e sem uma plano claro. Neste caminho tortuoso, que deixou marcas em inúmeras famílias, em inúmeras pessoas, foi encontrado de tudo: os “fura-fila” da vacinação, os atestados médicos falsos, e, claro, os negacionistas. Tudo junto, formando um pacote de total caos, pois, em meio a tudo isso, ainda tinham as transferências, as internações e a falta de leitos hospitalares. 

Vendo o atual cenário é impossível não questionar: como chegamos aqui? Pois bem, essa resposta é simples: ciência, vacinas, profissionais da saúde e Sistema Único de Saúde (SUS). O ano está próximo de se encerrar e, mesmo com os caminhos difíceis que a humanidade passou, ainda não é possível se sentir aliviado. Em Divinópolis, mais de 12 mil pessoas não tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19, a Prefeitura de Extrema, no Sul de Minas Gerais, confirmou o primeiro caso da variante ômicron, e ainda há quem queira impedir a vacinação de crianças de 5 a 12 anos, abrindo mais uma vez espaço para a doença. Aquele velho ditado “nada é tão ruim que não possa piorar” sem sombra de dúvidas não se aplica ao país. Por aqui, tudo pode piorar. Não há cenário de controle epidemiológico que não possa piorar, com o mais agravante: causado pela própria população. A irresponsabilidade, infelizmente, está se enraizando no brasileiro. Não há morte, não há dado, não há estatística suficiente para fazer com que muitos mudem de postura. Pelo contrário, a sensação que se tem é que esses “muitos” se alimentam do caos. 

 Aquele discurso do "nada será em vão" não existe mais? Tudo foi “perdido” no meio deste caminho que está mais próximo do que se pode imaginar?

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