Estado monta comitê para mediar relação entre gestora do Mineirão e clubes

“Pagar conta de estádio que dá dinheiro é um absurdo”, afirma secretário

Matheus Augusto

Um dos assuntos do futebol mineiro, nesta semana, é a possibilidade de ausência de jogos de futebol no Mineirão. O proprietário da SAF do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno, anunciou na noite de ontem, que o time celeste não deve disputar nenhuma partida como mandante no estádio. Enquanto isso, Atlético se prepara para, até o segundo semestre, inaugurar a Arena RMV, enquanto o América manda seus jogos no Independência - que também deverá ser casa da Raposa neste ano. 

A possível ausência de futebol no Mineirão motivou o Estado a criar um comitê para mediar a relação. A composição será feita por representantes do governo estadual, de Cruzeiro, Atlético e América, da Minas Arena, das federações de futebol e da sociedade civil. O intuito, anunciou o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, em coletiva na tarde desta terça-feira, 24, é facilitar o diálogo entre as partes, harmonizar a relação e reduzir o atual desgaste. 

O primeiro passo será solicitar à Minas Arena a apresentação da programação de eventos, shows e jogos previstos para os próximos 12 meses. Os membros poderão formular questionamentos, comentários e solicitar esclarecimentos.

A ideia é que o comitê tenha sua primeira reunião em até 15 dias, com encontros mensais para revisão periódica. 

— Reduzir esse tipo de desgaste e para que o Mineirão não pare de ter jogos de futebol, que é sua vocação. (...) a Minas Arena terá a obrigação de explicar, por escrito, porque a data não é factível — destacou Marcato, ressaltando a questão como de interesse público.

Com a decisão, ele espera criar um ambiente colaborativo, reduzindo consideravelmente os atuais problemas.

O secretário afastou, no entanto, a possibilidade de rescisão contratual com a atual gestora.

— Não rasgamos contratos — ressaltou. 

Entretanto, o governo já solicitou a revisão do acordo. O objetivo é reduzir o valor repassado mensalmente à Minas Arena pelo Estado e estabelecer o futebol como uma das atividades prioritárias.

De acordo com o chefe da pasta, até o fim do ano passado, o Estado pagava R$ 10 milhões por mês. Atualmente, o valor é de R$ 3 mi a R$ 4 mi. Parte do lucro da empresa é abatido no repasse. O ideal, explicou, seria que o lucro da empresa fosse tamanho que não haveria necessidade do pagamento. 

— Pagar conta de estádio que dá dinheiro é um absurdo — criticou.

Fernando Marcato citou que o montante poderia ser investido em obras em diversas aréas ou na recuperação de estradas, especialmente durante o período chuvoso.

Possibilidade

Uma das possibilidades levantadas pelo secretário é a de dividir entre os times as 66 datas às quais o Estado tem direito reivindicar para a realização de jogos de futebol. 

— Se for o caso, metade vai para o Cruzeiro e metade para o Atlético. (...) E o Estado pode participar até da receita — pondera. 

Insatisfação

O secretário destacou que o comitê será formado para garantir a função social do estádio de receber jogos de futebol. Ele ressaltou compreender a necessidade da realização de shows para preencher as demais datas. 

Marcato afirmou, ainda, não ser atribuição do governo emitir opinião sobre a relações contratuais entre os times e a Minas Arena. 

— A obrigação legal é de garantir que futebol seja jogado no Mineirão — reforçou

Parceria

O secretário também anunciou, durante a coletiva, uma parceria com Cruzeiro e Atlético para a distribuição de ingressos para os melhores alunos da rede estadual. Os clubes se disponibilizam a custear o transporte e a acomodação dos estudantes. Isso porque o Estado tem direito a uma carga de ingressos VIP para os eventos, previstos contratualmente, que, atualmente, são sorteados entre os servidores. 



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