Especialistas alertam para os riscos dos cigarros eletrônicos

No Dia Mundial Sem Tabaco, profissionais e instituições apelam para sensibilização dos usuários contra a modalidade, que pode ser mais nociva que o fumo comum

Criado em 1987 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial sem Tabaco foi celebrado nesta terça-feira, 31. A data serve como alerta para os malefícios relacionados ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) é o responsável pela divulgação e elaboração do material técnico para subsidiar ações de prevenção e sensibilização nas esferas federal, estadual e municipal.

Em 2022, diante do crescimento exponencial da utilização dos cigarros eletrônicos, os vapes ou pods, por pessoas de todas as idades, a Subsecretaria de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais (Sedese) volta seus olhos para a questão.

— Comércio, importação e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil desde 2009. Entretanto, lamentavelmente, esses produtos são vendidos, de forma ilegal, pela internet, no comércio informal ou, ainda, podem ser adquiridos no exterior para uso pessoal — alerta Soraya Romina, subsecretária de Políticas sobre Drogas.

De acordo com ela, a indústria do tabaco passou a investir neste mercado, diante da diminuição do consumo do tabaco por meios mais tradicionais. Além disso, se aproveita da desinformação em torno do cigarro eletrônico, que pode ser ainda mais nocivo do que o tradicional.

Segurança

— A indústria do tabaco, infelizmente, vem utilizando o conceito de redução de danos para vender a ideia de que o cigarro eletrônico é um produto seguro. Não é.  No processo de aquecimento ou vaporização, alguns produtos contidos no vapor incluem carcinógenos e substâncias citotóxicas, potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares. Todo e qualquer cigarro aumenta o risco de doenças cardíacas e pulmonares, bem como de câncer — frisa Soraya.

Os dispositivos têm tecnologia simples. Uma bateria permite esquentar o líquido que, em geral, é uma mistura de água, aromatizante alimentar, nicotina, propilenoglicol e glicerina vegetal. Já é comum ver o uso nas portas de escolas, bares, tabacarias, casas de shows e festas.

— Até o momento, não há evidências científicas de que o cigarro eletrônico seja uma alternativa segura, para quem quer parar de fumar ou mesmo substituir. Precisamos estimular as pessoas a deixar o hábito de fumar e não trocar seis por meia dúzia. Nesse sentido, temos o dever de sensibilizar, orientar e informar toda a população, especialmente nossos adolescentes e jovens — conclui a subsecretária de Políticas sobre Drogas.

Programa de Controle do Tabagismo

O SUS oferece tratamento para tabagismo em mais de 600 municípios de Minas Gerais, por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, com profissionais de saúde qualificados. O tratamento das pessoas tabagistas é disponibilizado, de forma gratuita, prioritariamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O usuário que demonstre interesse em parar de fumar deverá entrar em contato com a secretaria de Saúde da sua cidade para ser informado sobre os locais do SUS que oferecem o tratamento do tabagismo.

O modelo de tratamento do programa é baseado em uma abordagem cognitivo-comportamental do fumante. Consiste, inicialmente, em quatro sessões (encontros), semanalmente. Após, são promovidos encontros mais espaçados, até completar de seis a 12 meses de tratamento. O método tem como finalidade trabalhar com os fumantes os riscos de fumar e os benefícios de se parar de fumar, fornecer informações necessárias para que ele possa lidar com a síndrome da abstinência, dependência psicológica e os condicionamentos associados ao ato de fumar, além de apoiá-lo nesse processo. Para mais informações, disque 136.

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