Escalas e conexões

A vida é como um voo. Possui altos e baixos, cheio de escalas e conexões que não são o destino final. Em escalas e conexões, onde sai gente e entra gente. Para voos altos e altaneiros o avião precisa abastecer. Assim, no momento de abastecimento ele apresenta estar aparentemente parado. E são exatamente nesses momentos em que uma pessoa é tomada pela sensação de que a vida parou é que precisamos estar atentos. É momento de abastecer e não nos distrairmos. É momento de deixarmos sair quem precisa pegar outro voo, é preciso estar atento às novas conexões. Deus usa mais as tragédias da vida que sua formação acadêmica, do que seu dinheiro guardado e ou seu poder de influência. O que sela o destino são as lutas em que travamos e vencemos ao longo da vida. Os momentos de pausas são ideais para semearmos e aguardarmos verdadeiros e inesperados milagres. Precisamos recordar atentamente de que quem nasce grande é monstro e é imprudente corrermos corridas pelas quais não fomos chamados, guerrear guerras que não são nossas. Nem eu e nem você, sabemos o qual o último dia do nosso calendário de vida na Terra, mas sabemos que ele chegará e cabe a nós decidirmos como viveremos até a morte, que estilo de vida levaremos, quem ajudaremos, qual legado optaremos por deixar nos umbrais da nossa história. Entre muitas falas que me marcaram de Machado de Assis, existe uma constatação que amo replicar ‘o mal calado não se muda, mas não se sabe’. Se é preciso mudar, é preciso falar? Por vezes, sim. Quando você escolhe alguém para dividir a vida, você escolhe ter uma pessoa com quem deve se aconselhar. Onde há dois, sempre haverá dúvidas, de maneira que os dois cheguem a uma decisão. Passar pelo centro do aconselhamento faz do companheiro o seu primeiro conselheiro.  Ocorre que diante da frustração dos desencontros de vidas que convivem debaixo do mesmo teto e vezes e outras se acertam e se encontram dentro do endereço em que residem, existem pessoas que não tem coragem de romper, atribuindo o descontentamento a infidelidade,  a discordância de visão de mundos.  Atribui o desamor à conveniência de vidas. Mas, a ideia não é a falta de vontade de solucionar e sim de coragem. Machado de Assis diz que toda alma livre é imperatriz, ou seja, ela decide o próprio destino, possui verdadeiro poder de decisão. Portanto, existem nobrezas que não precisam ser cobradas. O raso apenas bem intencionado nunca será profundo, para ser profundo precisa se aprofundar. O que você faz com o amor que o outro tem por você? Isso diz mais sobre você do que sobre o outro. Muitas vezes amamos a mentira que criamos sobre alguém. Você empresta a essa pessoa as qualidades que ela não tem e cobra dela como se fosse possível. Na vida é preciso ser prático. Resolver as situações sem trocar ‘alhos por bugalhos’, ou seja, a metade prática da vida com sua ideologia que, muitas vezes, se mostrara vã. Parar de teorizar tudo e de se enganar. Executar e resolver o tem de ser resolvido. A vida é feita de pausas para abastecermos, e isso significa que é preciso coragem para voar novamente desprendido do raso que lhe apraz gerando sensação do conhecido desconforto. Inclua ternura e seja honesto consigo frente às decisões em que você precisa tomar. Sair da plantação comida por ervas daninhas para andar altaneiramente e voar como águia é preciso coragem, pois te fará imperatriz (imperador) da tua existência. 

 

Por Flavia Moreira. Advogada, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual Civil, pelo IDDE em parceria com Universidade Coimbra de Portugal, ‘IUS GENTIUM CONIMBRIGAE, especialista em Direito de Família e Sucessões, associada ao IBDFAM e membro do Direito de Família da OAB/MG.

 

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