Entre a cruz e a espada

Há exatos 451 dias começava o pesadelo dos comerciantes de Divinópolis. De lá para cá, a insegurança  passou a ser uma companheira constante. No dia 15 de março do ano passado, foi a primeira vez em que os empresários viram suas vidas virarem de cabeça para baixo com o fechamento do comércio devido à pandemia de covid-19. Determinação, persistência e adaptação foram as palavras de ordem para quem quisesse sobreviver ao “tsunami” coronavírus. Nestes 451 dias, o comércio já foi fechado diversas outras vezes, em tentativas de conter o avanço da pandemia. Na última semana, mais uma vez, o alerta foi ligado. O número do contágio da doença aumentou, os leitos hospitalares já não são suficientes e, com isso, o Governo do Estado anunciou algumas restrições. Neste primeiro momento, as alterações feitas pelo Executivo Estadual e pela Prefeitura de Divinópolis atingiram apenas academias, bares e salões de beleza. A situação automaticamente deixa os comerciantes inseguros, afinal, para que as restrições sejam estendidas a outros segmentos é apenas “um pulo”. 

Com a celebração do Dia dos Namorados, no próximo sábado, 12, as vendas tendem a dar uma aquecida e, com isso, o empresariado ganha confiança. A data é a terceira mais importante do ano, perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães. Sem dúvida, se trata de mais uma oportunidade para que os empresários recuperem parte do faturamento perdido no período em que o comércio ficou fechado. Em outras palavras, o cenário traz esperança para os comerciantes. Nada mais justo, afinal, o comércio, bares, academias, salões de beleza e o entretenimento foram os setores mais afetados pela pandemia. Apesar de a situação ser favorável, é de suma importância lembrar da responsabilidade de cada um. Afinal, Divinópolis caminha mais vez para ficar “entre a cruz e a espada”. 

De um lado segmentos que precisam se recuperar e reaquecer a economia. De outro, um vírus altamente mortal, que leva a cada dia mais pessoas para os hospitais. Há de se contar ainda os profissionais de saúde, que estão na linha de frente e já nos seus limites “operacionais”. É fato que o comércio não deve pagar sozinho uma conta que não é sua, mas é fato também que é justamente quando as vendas começam a “esquentar” que a responsabilidade aumenta. A tendência é que, de amanhã até sábado, o movimento no comércio local aumente. Roupas, perfumes, cosméticos, calçados, maquiagens, acessórios, flores e chocolates completam o ranking de procura nesta semana. E é justamente aí que a responsabilidade dobra. Essas lojas deverão minimamente cumprir à risca os protocolos de prevenção à doença, não apenas fingir que estão cumprindo, para que sejam exemplo. 

É fato que ninguém aguenta essa pandemia, mas que a economia precisa reaquecer e que qualquer oportunidade deve ser agarrada com unhas e dentes. Porém, é fato também que todos, sem exceção, devem cumprir a sua parte. Afinal, é como dizem por aí, toda ação tem reação. Neste momento, para qualquer ação impensada, as consequências são fatais.

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