Empresários afirmam ter passado R$ 20 mil cada para Rodrigo Kaboja

Advogado do vereador nega versão: “é como um homicídio sem corpo: não há provas”

 

 

Bruno Bueno

 

A tarde de ontem foi marcada pelo início dos depoimentos da Comissão Processante que analisa o pedido de cassação contra os vereadores Rodrigo Kaboja (PSD) e Eduardo Print Júnior (PSDB). Eles foram afastados do Legislativo durante a operação “Gola Alva”, deflagrada pelo Ministério Público (MP), e são acusados de terem recebido propina para aprovar projetos de zoneamento na cidade. 

Cinco pessoas foram ouvidas no primeiro dia. Ao todo, 21 depoentes vão falar com os membros da Comissão: Ney Burguer (PSB), Zé Braz (PV) e Edsom Sousa (Cidadania), além dos advogados de defesa de Print e Kaboja.

Dois empresários afirmaram ter pago R$ 20 mil cada em espécie para Kaboja em troca da aprovação de projetos. O advogado do parlamentar negou a versão e disse que não há provas para comprovar o que foi dito à Comissão.

 

Depoimentos

 

A primeira testemunha, Douglas José Prado Athayde Vieira, disse que pagou a quantia na porta da Câmara. A segunda, Hamilton Antonio de Oliveira, afirmou ter pago o mesmo valor, também na porta da Câmara e no gabinete. A forma como o empresário chegou ao vereador está em sigilo.

A terceira testemunha, Eduardo Costa Amaral,  também procurou Kaboja. O vereador teria cobrado R$ 15 mil. A testemunha ainda relata que pagou R$ 2 mil adiantados e se arrependeu no dia seguinte. Eduardo pegou o dinheiro de volta e o projeto foi retirado. A testemunha também disse que ligou para o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) e contou a situação. A ligação teria sido gravada sem o consentimento do empresário.

Paulo Adriano Cunha e José de Oliveira Santana também prestaram depoimento.

 

Defesa

 

Advogado de defesa de Kaboja, Daniel Cortez rebateu as acusações. 

— Basta uma simples análise que vão ver que não há nada que comprove que o Kaboja recebeu o dinheiro. É como um homicídio sem corpo. Não há provas. (...) Estou há um ano no processo e ainda não vi nada (...) — disse. 

 

Para ele, os denunciantes agiram de forma apressada. 

— (...) No processo criminal que envolve Kaboja e Print, sequer foi recebida a denúncia feita pelo Ministério Público. (...) — O Judiciário ainda não fez uma análise robusta. (...) Eu posso conseguir a absolvição criminal do Kaboja e ele pode ser cassado pela Câmara. Um vereador que foi eleito pelo voto popular — afirmou.

 

Comissão

 

Presidente da Comissão, Ney Burguer disse que os trabalhos não pararam desde o princípio da denúncia.

— Estávamos analisando a defesa dos denunciados. As oitivas começaram bem. É muito importante para a gente apurar todos os fatos. Eu fui muito claro com os membros da Comissão: nós temos que ser sucintos. Ouvir e ser justos — esclarece. 

O vereador garante que a Comissão vai lidar com discernimento e cuidado durante o processo.

— Uma vírgula diferente da realidade já se torna um problema. Estamos preparados. Hora nenhuma essa Comissão parou. Se Deus quiser, apresentaremos o relatório em 90 dias —  salienta. 

 

Denúncia

 

Um dos autores da denúncia, Eduardo Augusto criticou o trabalho da Comissão Processante. Ele afirma que as provas do processo judicial, como gravações e depoimentos no Ministério Público, ainda não chegaram na Câmara. 

Eduardo

— Temos que aguardar que elas venham e sejam analisadas. (...) Nós oficiamos a Câmara para saber qual foi o fundamento e justificativa para o atraso. São documentos importantes no processo — pontuou. 

O advogado acrescentou.

— O procedimento que nós fizemos na Justiça é justamente para evitar qualquer tipo de nulidade processual alegada depois da conclusão de todo o processo — concluiu.

 

Próximas oitivas

 

Gleidson depõe na próxima segunda-feira. Ele foi o responsável por denunciar o caso no Ministério Público. Ainda não há local definido para a oitiva. 

— Estamos esperando o ofício dele para decidir se o depoimento será na Prefeitura ou na Câmara. Como prefeito, ele tem o direito de escolher. Independente do lugar, a reunião será gravada — explica Ney Burguer

 

Quatro pessoas depõem na próxima quarta-feira: João Paulo Gomes (14h), Waldinei Alves Arantes (14h45), Walmir Alves Arantes (15h30) e Nicácio Diegues Júnior (16h15).

— As listas de testemunhas foram apresentadas pelos vereadores e pelos denunciantes. A ordem estabelecida é definida pela legislação que indica que primeiro são ouvidas as testemunhas da acusação e, depois, na sequência, as testemunhas da defesa — relata a Câmara em nota.

 

 

 

 




Comentários