Eis que os sinos dobram

Augusto Fidelis

Eis que os sinos dobram

Com imenso pesar, recebi no dia 3 deste mês de fevereiro, o comunicado que morrera em Belo Horizonte a acadêmica Maria da Conceição Elói, decana da Academia Divinopolitana de Letras, ocupante da Cadeira nº 16, que tem o poeta Olavo Bilac como patrono. Sua posse no Sodalício se deu no dia 2 de setembro de 1961. Dessa forma, participou da formação da ADL e por toda a vida contribuiu para o seu engrandecimento. 

Naquele tempo, além dos quatro fundadores, José Maria Álvares da Silva Campos, Sebastião Bemfica Milagre, Jadir Vilela de Souza e Carlos Altivos, logo em seguida à feliz iniciativa foram chamados mais 12, dentre eles Conceição Elói, já conhecida e respeitada na lida literária. Posteriormente, mesmo morando em Belo Horizonte, manteve-se firme no seu compromisso com a Academia Divinopolitana de Letras, mesmo que às vezes não fosse possível a presença física. Foi sepultada no Cemitério Parque da Colina com a capa acadêmica, como era seu desejo, para demonstrar o amor à Arcádia.

Além de confreira, Conceição Elói era uma amiga  dileta que, apesar da idade avançada, não se furtava em sair da Capital anualmente para se fazer presente às celebrações do meu aniversário, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Era encantadora a sua consideração com os amigos e o seu ânimo em prestigiá-los. 

Professora, poeta, contista, membro da Sociedade Amigos da Cultura de Belo Horizonte, da qual foi presidente, Conceição Elói teve vida longa: 98 anos de dedicação à família, a todos aqueles que lhe eram caros e às inúmeras causas que abraçou. Era uma mulher de baixa estatura, aparentemente frágil, mas se agigantava em seus afazeres sociais e literários, porém sempre de fala mansa e impregnada de sabedoria. 

Conceição, como poucas pessoas, entendeu que a vida é movimento. Mesmo na velhice e limitada, não deixava de fazer suas pesquisas com vistas a uma nova publicação. Dos seus livros, “Arcas, Arcazes e Baús” e “Altares e Cantares” podem ser adquiridos pela internet. Para Olavo Bilac, “os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem-nos sonhar”.

Num de seus poemas ela diz o seguinte: “Quando menina desejava morar na Praça da Estação / para ver os trens chegarem e partirem / principalmente aquele que ia e vinha do sertão. / Partia o comboio dia sim, dia não / e chegava dia não, dia sim”. Agora, Maria da Conceição Elói embarcou no trem rumo ao Céu, para receber a coroa da vitória. É por isso que os sinos dobram!

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