Educação versos corrupção
Temos sido impactados diuturnamente com notícias absurdas que aos poucos vão se tornando comuns no nosso dia-a-dia. Mas o que foi enxertado nas pessoas que se deixaram conduzir até a corrupção, tornando o ser humano um criminoso? Acredito que a ingratidão e a ganância são estimuladoras ao comportamento que infringe a moral e, consequentemente, a esfera judicial. A ingratidão faz com que o ser humano não perceba o valor do futuro. A gratidão faz com que o ser humano aproveite o presente, sem precipitar o futuro.
É comprovado cientificamente que as pessoas se sentem significativamente mais felizes quando são úteis, altruístas. Vida simples é vida leve. Você pode ter coisas boas, mas não faz sentido comprometer o que você ganha para esgotar suas condições, quanto mais meios ilícitos para alcançar o objetivo maior. Não faz sentido uma pessoa abalar sua saúde mental, sua vida moral, para alcançar status por um determinado tempo, mas o resultado que lhe levará a ruína. Nós pais, precisamos ser responsáveis pela educação dos nossos filhos, gerando neles o desejo da preparação e construção, e não ao resultado final que é o dinheiro, o poder e a visibilidade.
Amo gente inteligente —isso me remete a um fato bíblico que ficou registrado nas escrituras sagradas. Aos 12 anos a primeira aparição pública de Jesus foi demonstrando sua inteligência, mas o primeiro milagre ele só realizou aos 30 anos. Dos 12 aos 30 anos Jesus não aparece na Bíblia, existe uma série de teorias – inclusive que durante esse tempo ele assume a carpintaria do pai – José. Ele tinha irmãos, então presume-se que ele tinha uma vida comum - Ele assumiu a paternidade dos irmãos, pois a geologia da Bíblia indica que José morreu nesta época. Podemos constatar que muito cedo Jesus começou a trabalhar como construtor, por isso, muitas parábolas Dele, foram feitas de acordo com a realidade dele. Mas quero chamar sua atenção com o fato de que ele ficou 18 anos sem fazer nada que tivesse a ver com o propósito dele. O propósito dele era ser o Salvador do mundo e isso só iniciou aos 30 anos quando ele foi batizado no rio Jordão, ali, quando Ele fez o primeiro milagre. Ele segurou a ansiedade, ele sabia esperar o tempo certo. Levou 18 anos de treinamento no anonimato, para 3 anos de exposição. Concorda comigo que é muito tempo de preparação para pouco tempo de exposição? Isso faz concluirmos que não vai funcionar uma pessoa desejar ser exposto sem a sua base ser mais forte que sua exposição, pois do contrário a sua base desconstrói a exposição almejada.
Existem prioridades nas fases das nossas vidas para fazer algo relevante. Caro leitor, eu posso estar vivendo uma preparação, e não o propósito. Nunca sabemos o que está pronto. É impossível termos a real noção do que está vindo, mas enquanto isso precisamos desenvolver a inteligência e a preparação. Toda pessoa que desenvolve inteligência aprende a fazer perguntas. Fala menos, pergunta mais. Jesus blindou suas emoções para que a dúvida lhe tomasse e não ferisse seu coração. A traição de Judas, a dúvida de Pedro, nada o fez parar. Tem de ter muita inteligência emocional para tratarmos com a espera, com a rejeição, com a crítica, com a desmotivação. Tem de ser altruísta para servir alguém que desdenha você. O preparo que ele teve para cumprir a sua missão estava na sua inteligência e nas suas emoções. Preparo exige sacrifício, exige deixar pessoas, pois quanto mais preparado mais blindado você se torna. Fazer o que é certo e não o que achamos. É preciso desenvolver a obsessão em estar preparado. É preciso forjar no caráter dos nossos filhos o preparo de ser para ter, e ter para ser, e ao final, ser, ter e fazer...
A construção certa destrói um futuro corrupto e desastroso. Ciente de que ao final seremos cobrados por aquilo que deixamos de fazer e não pelo que fizemos.
Por Flavia Moreira. Advogada, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual Civil, pelo IDDE em parceria com Universidade Coimbra de Portugal, ‘IUS GENTIUM CONIMBRIGAE, especialista em Direito de Família e Sucessões, associada ao IBDFAM e membro do Direito de Família da OAB/MG.
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