Editorial: É sério!

O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo) disse, em entrevista na manhã de ontem,  que o Município está próximo de um caos financeiro. A revelação pegou a todos de surpresa, afinal, pelo que tem sido feito pela atual gestão, governo municipal está de “vento em popa” e a cidade está em franco desenvolvimento. E remete às falas do chefe do Executivo e seu irmão, o deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), no início do ano, de que Divinópolis teve em 2023 o maior orçamento da história. O prefeito afirmou que já havia se reunido com o seu secretariado e traçado metas para não atrasar a folha de pagamento e nem cortar os serviços que a Prefeitura oferece ao cidadão. A situação, mais uma vez, automaticamente volta àquela velha pergunta: mas e os vereadores? Por que não estão fiscalizando as contas da Prefeitura, cumprindo com a obrigação ao qual foram eleitos? 

O possível caos financeiro que Divinópolis está prestes a enfrentar vai mais uma vez de encontro com o que é questionado há tempos: parte dos vereadores têm capacidade de exercer o papel ao qual o povo lhes deu? Ou é exigir muito que eles levem a sério suas funções? O artigo segundo da Constituição Federal determina que “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Porém, é nítido e notório que em Divinópolis isso só fica no papel, porque se tem uma coisa que os Poderes Legislativo e Executivo não têm  nem aqui, nem na China, é independência. Pelo contrário, ambos são harmônicos até demais para que se cobre algo como uma simples fiscalização nas contas públicas. A independência passou longe e essa tal “harmonia” tira completamente a isenção de alguns vereadores desta e de outras legislaturas, quando o assunto é cobrar e fiscalizar. Dizer que esta pode ser a pior da história de Divinópolis não é novidade. Os fatos, as notícias, os escândalos envolvendo o Legislativo estão aí para comprovar, mas chegar ao ponto em que o prefeito anuncia uma possível “calamidade financeira”, sem que qualquer vereador se pronuncie sobre isso, ou sequer tenha antecipado a situação, chega a ser vexatório. 

A complexidade é preocupante e só não vê quem não quer e  contenta com a primeira desculpa esfarrapada dada quando o assunto é polêmico. Talvez, um cenário como este explique – e muito bem – o motivo de Divinópolis ter simplesmente parado no tempo em alguns aspectos. No entanto, não se pode tirar os méritos da atual Administração, que mesmo com dificuldades, tem conseguido terminar obras paradas há muitos anos e fazer outras de extrema relevância para a população, como calçamento em bairros que há mais de 30 anos conviviam com lama e poeira. Com 2023 anunciando o seu “apagar das luzes”, e 2024 começando a bater à porta, quando ocorrem as eleições municipais, é preciso acelerar o passo para a cidade continuar a progredir. Para isso, basta uma parceria sólida entre a Câmara e a Prefeitura e melhores escolhas nas urnas. Afinal, reclamação nas redes sociais não é o mesmo que cobrar e fiscalizar quem foi eleito para te representar. 

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