Editorial: É preciso ser

Antes de querer dar lição de moral e dizer o que o outro deve ou não fazer, é preciso ser. Sim. Antes de discursar sobre qualquer outra é mais do que necessário que qualquer apenas seja aquilo que diz. O nome disso é coerência. Em outras palavras, como vou cobrar honestidade quando não sou? Como vou cobrar transparência quando não ajo assim? E, por aí vai. Esta máxima se aplica na política desde os tempos primórdios, pois é o espaço onde mais se tem gente falando, e poucas pessoas fazendo. Nos tempos modernos então, o que mais se vê são políticos discursando sobre humildade, honestidade, transparência, e respeito, quando suas ações passam longe, mas muito longe de seus discursos. E, apesar de boa parte dos eleitores não quererem ver determinadas situações, quando diz respeito a seus candidatos, a verdade está lá, e ela vem à tona mais cedo ou mais. Nada, absolutamente nada fica encoberto. E, aí, basta cada um lidar com sua decepção, e seu voto da maneira que lhe cabe. Mas, diante de verdades que têm vindo à tona com mais frequência, e até mais rápido do que se imagina, a grande questão é: antes de falar, é preciso ser. 

A cada dia uma nova informação, uma revelação a respeito de políticos de Divinópolis vêm à tona. É como dizem por aí, todo dia é um 7x1 diferente. Mas, apesar de decepcionantes, essas situações trazem ensinamentos importantes, e grandes reflexões, sendo a principal delas: de quem é a responsabilidade? Do eleitor ou dos governantes? O termo culpa talvez não se aplique ao tema de hoje, pois é fato que ninguém escolhe um candidato para que ele roube, engane, seja corrupto, ou use de meios questionáveis para se eleger. Mas, existe sim uma responsabilidade do outro lado. Há 35 anos o brasileiro ganhou o direito de ir às urnas escolher os seus representantes depois da Constituição Federal. Há pouco mais de 30 anos a população foi às urnas para eleger seus governantes após a ditadura militar, e vinha em um processo de amadurecimento eleitoral, pode-se dizer assim. Afinal, alguns passos foram dados de lá até aqui. Porém, o que chama a atenção é o fato de que o povo ainda insiste em acreditar no primeiro discurso bonito que lhe aparece durante as eleições. 

Passos importantes, como entender a venda de votos, e como isso prejudica depois que os candidatos foram eleitos foram dados, mas é preciso avançar um pouco mais. É mais do que necessário que os eleitores entendam que antes de ditar regras, e o que deve ser feito ou não, é primordial ser. Ser exemplo, ser a prática diária daquilo que lhe será cobrado enquanto exercer um cargo onde estará representando milhares de pessoas. É preciso que os eleitores entendam que não só de palavras bonitas, que vão de encontrar o que eles acreditam que é feito em um país. Afinal de contas, uma nação é feita da diversidade, das diferenças, e principalmente, do respeito, e das ações que respeitam essa pluralidade. De nada adianta um representante com palavras bonitas e discursos emocionantes, quando a verdade mostra justamente o contrário.

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