Editorial: O caldo entornou

A população divinopolitana, mais uma vez, paga uma conta que definitivamente não era sua. Trabalhadores e estudantes que dependem do transporte público foram pegos de surpresa com a paralisação dos motoristas de ônibus. Tudo começou na última quinta-feira, após a aprovação do Projeto de Lei 20/2023, de autoria do prefeito Gleidson Azevedo (Novo), que elevou os valores das multas para R$ 194,04 (infração leve), R$ 388,09 (média) e R$ 508,12 (grave). A categoria só retornou ao trabalho pouco depois das 11h, após o prefeito prometer não sancionar o projeto nos próximos 10 dias. O prazo será utilizado para uma negociação entre sindicato e Prefeitura em busca de um acordo. O que mais chamou a atenção nessa situação foi a condução dos vereadores, do prefeito, e da vice-prefeita, Janete Aparecida, até que se chegasse a esse entendimento.  

A verdade é que os governantes de Divinópolis protagonizaram cenas vexatórias e desrespeitosas durante o encontro promovido durante as tratativas para o fim da greve, no gabinete do prefeito. Novamente, os parlamentares quase saíram nos tapas, escancarando o total despreparo para governar uma cidade do tamanho de Divinópolis. Durante a briga de egos, de quem manda mais, acusa com mais frequência, fala mais bonito e finge cumprir a função ao qual foram eleitos, foi preciso pulso firme, que outra vez mais veio da vice-prefeita e secretária de Governo. O protagonismo de Janete nessas situações não surpreende. E a apatia de alguns políticos também, não. Que o sensacionalismo toma conta da política divinopolitana há uns sete anos, isso todos estão cansados de saber. Até quando o povo vai pagar uma conta que não é sua? Os governantes vão esperar o “caldo entornar” para fazer algo? O sensacionalismo falará mais alto em detrimento daqueles que definitivamente fazem essa cidade existir?

É muito vídeo e discurso para pouco diálogo, entendimento e solução. A verdade mais uma vez foi escancarada para o povo, Divinópolis é representada pelo amadorismo, pois nenhum dos lados parece estar disposto a ceder e a administrar a cidade em prol da população. Mesmo já avisados dos riscos de paralisação do transporte público, os  quase todos os vereadores seguiram com suas convicções e votaram a favor da proposta sem ao menos avaliar as consequências e seus possíveis prejuízos aos cidadãos. Sem qualquer tipo de responsabilidade, eles simplesmente foram para o Plenário com seus votos definidos e o resultado foi o esperado: o caldo entornou. Na segunda, o jeito foi juntar para tentar limpar a bagunça feita. A história segue no ar, com inúmeras possibilidades de desfechos, incluindo a que o povo não está isento de pagar mais uma vez uma conta que, definitivamente, não é sua. É como dizem: “é muito cacique para pouco índio”. Muita falação para pouco diálogo e ação.

 

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